Título: Governo descarta romper contrato com o Bradesco
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2007, Finanças, p. C1

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, recuou ontem ao dizer que o governo irá reavaliar, e não cancelar, o contrato entre a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e o Bradesco para a operação dos serviços do Banco Postal. "Não existe a menor intenção de romper o contrato", afirmou Costa no final da tarde de ontem, após se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir o assunto.

Guido Mantega deverá conversar com o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, hoje ou na segunda-feira, disse o ministro das Comunicações.

Segundo Hélio Costa, a interpretação de que o contrato seria cancelado foi um mal-entendido. "O governo quer melhorar a parceria", afirmou. "O que queremos é uma parceria, e hoje não temos."

Pela manhã, ao participar de um seminário sobre telecomunicações, o ministro disse que o governo iria pedir para reavaliar o acordo. "Talvez rever seja a melhor posição", disse. Porém, ao sair da Fazenda, Costa foi mais enfático ao ressaltar que não haveria cancelamento.

Há cerca dez dias, o ministro havia falado em rompimento do acordo - medida que já teria até sido autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um grupo de trabalho definiria os prazos e termos da indenização ao Bradesco. "A intenção é renegociar o contrato para encerrá-lo", disse Costa naquela ocasião.

De acordo com o ministro, o acordo não foi bem elaborado quando, em 2001, o Bradesco venceu a licitação para operar o Banco Postal, constituído da rede de agências dos Correios.

Hélio Costa afirmou que o contrato é desvantajoso porque a estatal cede funcionários, a infra-estrutura das agências (que configuram cerca de 5,3 mil pontos de atendimento) e faz o pagamento dos seguros necessários, enquanto estaria movimentando anualmente no Banco Postal mais do que o dobro dos R$ 300 milhões pagos pelo Bradesco na licitação. Segundo o ministro, os Correios não compartilham as receitas com a instituição financeira.

A revisão dos termos de operação do Banco Postal está prevista numa das cláusulas do contrato, afirmou, e acioná-la teria como objetivo "alertar para o assunto" com antecedência, já que o acordo vence em 2009.

Ao ser questionado se representantes do Bradesco haviam procurado o governo após as declarações de que o acordo seria rompido, Costa disse que não poderia responder.