Título: Santander investe para conquistar o mercado do Rio
Autor: Santos, Chico e Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2006, Finanças, p. C1

O lance vencedor no leilão da folha salarial da prefeitura deu início ao namoro, com investimento de R$ 336 milhões. Mas as intenções do Santander com o Rio de Janeiro são ainda mais firmes: o banco espanhol está investindo outros R$ 260 milhões, chegando ao total de cerca de R$ 600 milhões, num período de 120 dias, para elevar a rede de 30 para 130 pontos de atendimento (agências e postos) e o número de funcionários de 430 para mais de 1.100 na cidade.

Segundo o vice-presidente executivo de rede do Santander, Pedro Coutinho, a super força-tarefa que o banco está empreendendo ocorre não só em função da necessidade de adaptar o atendimento aos 165 mil servidores municipais que o banco passa a atender por conta da vitória no leilão. "O Rio é uma grande prioridade, assim como já foi São Paulo, onde crescemos muito nos últimos anos", explica Coutinho. "Estamos aproveitando a vitória no leilão para acelerar esse crescimento na cidade, que é muito importante para nós".

Hoje, depois de São Paulo, onde o Santander está presente em 1.400 pontos de atendimento, a segunda maior praça para o banco espanhol é a do Rio Grande do Sul, com 150 pontos. O terceiro lugar, que era do Paraná, será em breve do Rio, após essa grande rodada inicial de expansão, que estará concluída até março.

Para dar conta do novo desafio, o superintendente executivo do banco, Marcelo Malanga, transferiu-se para a capital fluminense. "É uma operação grandiosa, temos que buscar novos pontos para instalar as agências, e atender individualmente os 165 mil servidores para a abertura das contas e apresentação dos serviços", lembra Malanga. Segundo os executivos, já foram feitos 130 mil atendimentos e para isso mais de 900 colaboradores temporários foram contratados. "Estamos cumprindo bem os prazos do cadastramento e também abrindo as agências de forma ágil, essa semana assinamos dois contratos em imóveis na Zona Oeste", conta Coutinho.

O desafio não é apenas logístico. O banco terá não só a tarefa de montar a estrutura de atendimento e cadastrar os servidores, mas conquistá-los para que eles não transfiram os salários para outra conta, uma vez que poderão fazer isso sem ônus. "O grande desafio é manter esses clientes conosco, acreditamos que o pacote de serviços e o atendimento serão bons diferenciais".

O Santander passou a deter o direito de fazer os pagamentos dos servidores municipais do Rio desde o dia 13 de julho, quando derrotou ABN AMRO, Bradesco e Itaú no leilão realizado pela prefeitura. O banco espanhol deu um lance de R$ 336 milhões para ter exclusividade sobre a folha salarial, que movimenta R$ 2,2 bilhões por ano. O preço mínimo era de R$ 150 milhões, o que significa que o resultado final apresentou um ágio de 124%. Com o lance do Santander, o Itaú e o Bradesco desistiram da disputa.

Depois que o Itaú saiu do páreo, o Bradesco também desistiu. Até a mudança que vai dar exclusividade ao banco espanhol, o funcionalismo carioca recebia os salários por intermédio de 12 bancos, incluindo o Santander. O Itaú, no entanto, tinha quase metade da folha.