Título: Caixa terá crédito parcelado para baixa renda
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2006, Finanças, p. C3

A Caixa Econômica Federal vai lançar na próxima semana o crédito parcelado para clientes de baixa renda que tenham conta simplificada na instituição, dentro do programa Caixa Fácil. A nova linha deve contribuir para reduzir a inadimplência, afirmou Laércio Roberto Lemos de Souza, superintendente nacional responsável pela área de empréstimos e financiamentos à pessoa física e microfinanças da Caixa.

Desde 2003, a Caixa tem o programa de conta simplificada, destinado a clientes de baixa renda. Após 90 dias de movimentação, o sistema faz uma pesquisa cadastral que, se for positiva, atribui ao cliente um limite de crédito rotativo que começa em R$ 200 e vai até R$ 600.

Dos 3,8 milhões de clientes que têm a conta simplificada, 2 milhões já chegaram a ter acesso ao crédito rotativo. Atualmente o número caiu para 1,5 milhão por causa da inadimplência. Souza acredita que o cliente de baixa renda tenha dificuldade em administrar o crédito rotativo, mas saberá se programar melhor com uma operação parcelada, que será cobrada em boleto. "O cliente já sairá com o boleto na mão e porá a conta no seu orçamento", disse Souza, após palestra no seminário Varejo & Bancos, realizada ontem na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O crédito parcelado terá os mesmos limites do rotativo (R$ 200, R$ 400 e R$ 600), taxa de 2% ao mês e poderá ser pago em até doze meses.

Desde 2003, quando o programa foi implantado, a Caixa já liberou R$ 254,063 milhões na linha rotativa. Só neste ano, foram R$ 53,55 milhões.

No mesmo seminário, a chefe de divisão e Normas do Banco Postal, Isabel Cristina Rocha de Morais, informou que deve começar também na próxima semana a extensão do projeto do Banco Postal para as agências terceirizadas dos Correios.

O Banco Postal já está implantado em praticamente todas as 5,6 mil agências próprias dos Correios, e totaliza quase 5,5 milhões de contas. Agora vai começar a ocupar as 2 mil terceirizadas em franquia.

O chefe de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Luiz Edson Feltrim, outro participante do seminário, informou que as regras de funcionamento dos correspondentes bancários deverão ser aperfeiçoadas para "deixar mais claro" seu raio de atuação. A figura do correspondente bancário foi inicialmente regulamentada em 1999 e, ao final do ano passado, somava 90,4 mil pontos. É quase o dobro dos 57,8 mil pontos que os bancos possuem em agências (17,6 mil) e postos (40,1 mil).

A discussão parece técnica mas é especialmente importante em um momento em que sindicatos tiram o sossego dos bancos com a demanda de que os correspondentes e outros trabalhadores da área financeira deveriam ter as mesmas regras trabalhistas dos bancários.

Celso Amâncio, diretor executivo que está estruturando o Banco Carrefour, cujo funcionamento foi autorizado pelo Banco Central em 4 de setembro, informou que a nova instituição deverá estar funcionando até o final do ano.

O Banco Carrefour vai operar nas lojas da rede de varejo, que somam 141 atualmente e deverão ter mais 17 no próximo ano. Entre 2007 e 2008, as lojas deverão funcionar também como correspondentes bancários.