Título: França descarta abrir mercado do álcool
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 23/10/2006, Brasil, p. A2

O ministro da Agricultura e Pesca da França, Dominique Bussereau, afirmou ontem ao Valor que a França não tem interesse em discutir a abertura do mercado de álcool ao Brasil porque a França e boa parte dos países europeus querem incentivar a produção local do combustível. Bussereau disse que os produtores franceses estão investindo no aumento da produção de álcool a partir da beterraba.

A França é o maior produtor de açúcar e álcool da Europa. Os produtores do bloco utilizam a beterraba como principal matéria-prima. A produção de álcool, contudo, ainda é incipiente no país, assim como nos países europeus.

Bussereau participou ontem, em Paris, da abertura oficial da Feira Internacional de Alimentos (Sial), uma das maiores feiras mundiais deste segmento. "Do Brasil, só temos interesse em conhecer a tecnologia para a produção de álcool", disse o ministro.

"O governo francês está na defensiva", disse o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan. Furlan, que também participou da abertura oficial da feira e visitou diversos estandes brasileiros que participam da feira.

Segundo Furlan, a negativa de Bussereau não deverá emperrar as negociações bilaterais em curso entre o Brasil e União Européia em relação ao álcool. Uma reunião técnica entre o bloco europeu e o Brasil está marcada para o início de novembro. O Brasil negocia a cota de 1 bilhão de litros de álcool para a União Européia.

No sábado, Furlan reuniu-se com a ministra para Comércio Exterior da França, Christine Lagarde. Durante o encontro, Furlan falou sobre a melhoria das regras de propriedade intelectual do Brasil. "Falamos sobre as mudanças que estão ocorrendo no INPI, que incluem desde uma nova sede (com mudança prevista para a próxima sexta-feira), até a contratação de 440 novos técnicos para atuarem no órgão", disse Furlan, referindo-se ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) Segundo ele, esses novas contratações vão multiplicar por sete a velocidade de análise de novas marcas. Furlan convidou a ministra francesa para conhecer a nova sede do INPI no Brasil em fevereiro.

Com discurso de continuidade, mas sem dar mais detalhes sobre sua participação no governo caso o presidente Lula seja reeleito, Furlan disse que a formação do futuro ministério ainda não está em discussão. Mas quando comenta as metas do ministério, se inclui nas discussões sobre os planos para 2007. Ao analisar sua gestão, Furlan disse que está com a sensação de dever cumprido.

Ontem à tarde Furlan viajou para Roma, onde se reunirá com o primeiro-ministro Romano Prodi e o setor privado. Na reunião com as indústrias, Furlan discutirá a criação de joint ventures entre micro e pequenas empresas brasileiras e italianas para o estimular negócios entre os dois países.

A repórter viajou a convite da Sadia