Título: Em BH, Lacerda lança unidade por meio de PPP sem oposição de petistas
Autor: Máximo , Luciano
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2012, Especial, p. A14

Levou 70 anos para que Belo Horizonte construísse um novo hospital municipal. O último teve a assinatura de Juscelino Kubitschek, quando foi prefeito. Conforme promessa do atual prefeito e candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB), o Hospital Célio de Castro será entregue no fim de 2013 por meio de uma parceria público-privada (PPP). É um modelo que ele quer replicar no setor caso reeleito. Parcerias com empresas privadas na área da saúde não são descartadas pelo principal adversário de Lacerda, Patrus Ananias (PT), que enfatiza o uso de recursos municipais e da União.

Apelidado de Hospital do Barreiro (nome de uma região da cidade), o empreendimento é exibido com destaque no horário eleitoral de Lacerda e será erguido pela construtora Andrade Gutierrez e pelas empresas Dalkia e Gocil. Estarão a cargo delas os serviços de acabamento e também mobiliário, com estimativa de investimento conjunto de R$ 150 milhões.

A primeira fase da construção do prédio - que está em curso - é paga pelo governo do Estado, com investimentos de R$ 40 milhões. Coube à prefeitura bancar a desapropriação do terreno, fazer o projeto e dispor de técnicos para acompanhar a obra e manter o custeio. A contrapartida às empresas é uma concessão por 18 anos de exploração dos serviços de manutenção predial e de equipamentos, segurança, limpeza e alimentação. "São serviços já prestados por empresas privadas, via lei de licitação", diz Marcelo Gouvêa Teixeira, secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte.

Também será por meio de PPPs que o atual prefeito planeja - se reeleito - tirar do papel um conjunto de reformas e construções. A capital mineira tem hoje 147 centros de saúde. Lacerda construiu apenas dois desde que assumiu a prefeitura em 2009. Agora promete construir, do zero, mais 19 durante um eventual segundo mandato e reformar ou ampliar outros 54. As 73 futuras obras, que precisam de R$ 300 milhões, seriam conduzidas por meio de PPPs, com assessoria do Banco Mundial.

O modelo, no entanto, não passou no primeiro teste. Não houve interessados no primeiro edital, publicado no começo do ano. "Não dá para pensar que esse mecanismo resolve tudo, nem é preciso ter uma posição ideologicamente contrária às PPPs", disse Antonio Carlos Pereira, um dos coordenadores da campanha Patrus.

Esta é a primeira reportagem da série "A saúde pública nas eleições"