Título: Desembolsos do BNDES devem dobrar neste ano
Autor: Duarte , Soraia
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2012, Especial, p. F3

Até o fim deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê desembolsar R$ 8 bilhões para empresas do setor de petróleo e gás. É mais do que o dobro dos R$ 3,6 bilhões que disponibilizou em 2011 para esse segmento.

O crescimento nos desembolsos, explica Rodrigo Bacellar, superintendente da área de insumos básicos do BNDES, busca acompanhar o ritmo dos negócios. "O setor de petróleo e gás está pujante", diz. "Nosso intuito é contribuir para o desenvolvimento dessa cadeia produtiva", liderada pelos grandes investimentos da Petrobras.

Bacellar explica que os recursos podem ser solicitados por qualquer empresa que atue no país, independente do porte e de o controle ser exercido por brasileiros ou estrangeiros. Pelas características das empresas que já procuraram o banco, Bacellar afirma haver uma demanda maior por parte das que atuam em construção naval, para atividades que vão desde estaleiros até armadores. Também há muita procura para financiar petroleiros e sondas de perfuração offshore. Até agosto, o BNDES já havia desembolsado R$ 4,5 bilhões. Para 2013, o banco prevê recursos acima de R$ 10 bilhões, aumentando ano a ano até 2017.

Enquanto os desembolsos do BNDES estão em ascensão, as captações no mercado de capitais caminham em via oposta. As incertezas geradas pela crise internacional, comenta Carolina Lacerda, diretora da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima), estão adiando a abertura de capital de empresas desse setor. Já as captações externas com dívidas, têm se mostrado estáveis. Segundo a Anbima, as empresas do setor de petróleo e gás captaram, até agosto, US$ 5,9 bilhões por meio de bonds, valor equivalente a 28,5% do total das emissões. Pouco mais do que em 2011, quando levantaram a soma de US$ 5,3 bilhões.

Fusões e aquisições, na opinião de Carolina, também são alternativas para levantar capital. "Uma forma de se financiar é vender partes dos ativos", explica. No primeiro semestre deste ano, as empresas do setor responderam por 8,9% dos R$ 52,6 bilhões resultantes dessas operações, segundo a Anbima.

O private equity é outra modalidade de captação. O fundo de investimento em participações (FIP) Óleo & Gás do Banco Modal tem R$ 300 milhões para investir em empresas do setor, segundo John Streithorst, sócio do Modal responsável pela área de private equity. Ainda há poucos fundos de private equity dedicados exclusivamente a empresas de óleo e gás, como o do Modal. Clóvis Meurer, presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), diz que outros fundos também podem ter interesse em aplicar nesse setor. "Há espaço para investir em qualquer tipo de empresas", afirma. Meurer estima que cerca de US$ 10 bilhões, valor que corresponde a um terço dos recursos sob gestão da indústria de private equity, estão disponíveis para investimentos.

O BNDES também desenvolveu uma linha de crédito para empresas de pequeno e médio porte, o programa Petróleo e Gás, que até 2015 prevê desembolsos de R$ 4 bilhões. "Nosso principal objetivo é facilitar o acesso dessas empresas aos recursos do banco", afirma.