Título: Liberty tenta ultrapassar o faturamento de R$ 1 bilhão
Autor: Cruz, Patrick
Fonte: Valor Econômico, 12/02/2007, Finanças, p. C3

Passado o período mais movimentado de sua fase de reestruturação, iniciada em 2003, a Liberty Seguros começa 2007 com a meta de alcançar a barreira psicológica de R$ 1 bilhão em faturamento. No ano passado, sua receita de prêmios foi de cerca de R$ 800 milhões. Segundo a empresa, seu faturamento tem crescido com taxa média de 25% nos últimos três anos.

"Vamos crescer, seja organicamente, seja por meio de aquisições", disse ao Valor o principal executivo da Liberty International, Tom Ramey, em rápida passagem pelo Brasil. "Se for uma companhia de atuação nacional será ótimo, mas uma de atuação regional também será. Sempre pensamos nessa possibilidade (de aquisições)". Ramey passou por Salvador na última semana, onde participou da reinauguração de uma filial local.

O avanço da operação brasileira é parte significativa do projeto de aumentar o peso das operações fora dos Estados Unidos nos negócios da companhia. Segundo Ramey, as operações não-americanas respondem atualmente por 21% dos negócios do grupo, fatia que a Liberty pretende elevar para 35%.

Espanha, Venezuela e Brasil, nesta ordem, são as três principais operações da empresa depois do mercado americano. Para a Espanha, assim como para o Brasil, os planos são de continuar em crescimento. A Venezuela permanecerá com peso relevante, segundo o executivo. "Mas lá nós vamos ver o que vai acontecer", disse.

Em 2007, a Liberty completa 15 anos de sua guinada rumo ao exterior. Até 1992, atuava apenas nos Estados Unidos e seu faturamento era de US$ 6 bilhões. Desde então, o grupo realizou 17 aquisições e começou do zero ramificações em outros sete países, o que levou a seguradora para 24 países e fez seu faturamento se multiplicar por quatro - em 2006, o faturamento somou US$ 24 bilhões.

No Brasil, o grupo comprou em 1996 a Paulista Seguros, operação que fez a companhia atuar no país, entre 2000 e 2006, como Liberty Paulista. No ano passado comemorou-se o centenário de nascimento da Companhia Paulista de Seguros Marítimos e Terrestres, nome original da seguradora Paulista. O ano foi o marco também da nova mudança de nome, com a adoção definitiva do nome atual.

Ainda que a aquisição da Paulista tenha ocorrido uma década antes, a seguradora levou alguns anos para se desfazer de carteiras de perfil considerado ruim. Com a fase de reestruturação, a Liberty deixou de atuar nos ramos de seguro de responsabilidade civil para ônibus e no de casco e responsabilidade civil para caminhões. "Melhoramos o perfil dos produtos e também a precificação", diz Luis Maurette, presidente da operação brasileira.

Hoje, cerca de 80% da receita de prêmios da Liberty no mercado nacional provém do seguro de automóveis. A meta é reduzir essa fatia para, no máximo, 60%. Não que a seguradora vá se desfazer de parte da carteira, ressalva Maurette. O que se pretende é aumentar a presença em outros segmentos.

Um dos focos principais será dado à área de riscos empresariais para pequenas e médias companhias. A fatia dessa carteira atualmente é ínfima, afirma, mas a Liberty quer fazê-la representar 10% da receita. "É só ver o PIB, ver o perfil da economia brasileira. Ela está sustentada por pequenas e médias empresas. As grandes são muito poucas", disse.

Tom Ramey e Maurette dizem que "não se vai fazer nenhuma loucura" para "crescer a qualquer custo", mas que o cenário é propício. O presidente da operação brasileira citou ainda as novas regras de solvência do setor. Entre outros desdobramentos, as resoluções do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), publicadas no "Diário Oficial" no fim de dezembro, exigem que o capital mínimo das seguradoras seja de R$ 15 milhões. "É um amadurecimento. Agora será um mercado para 'grown-ups' (adultos)", disse Maurette.