Título: BNDES fecha 2006 com lucro recorde
Autor: Grabois, Ana
Fonte: Valor Econômico, 12/02/2007, Finanças, p. C6

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fechou 2006 com um patrimônio de referência ligeiramente menor que o do terceiro trimestre, embora tenha obtido um lucro recorde de R$ 6,3 bilhões, 97,7% superior ao obtido em 2005, de R$ 3,2 bilhões.

A redução ocorreu em decorrência do pagamento obrigatório à União de 25% de dividendos sobre o lucro do Banco. Com isso, o patrimônio líquido ficou em R$ 19,1 bilhões contra R$ 19,2 bilhões alcançados até setembro do ano passado.

Como o patrimônio de referência é o patrimônio líquido, mais 50% dele e mais R$ 5,3 bilhões (dívida transformada em capital híbrido pelo Tesouro para capitalizar o banco no ano passado), baixou de R$ 34,2 bilhões até setembro para R$ 33,8 bilhões no final de 2006.

A consequência disto foi também uma pequena redução no limite do empréstimo por empresa ou grupo, que corresponde a 25% do patrimônio de referência da instituição de fomento.

O presidente do BNDES, Demian Fiocca, considerou o lucro excepcional, pois foi quase o dobro do recorde de 2005.

O resultado recorde de 2006 deveu-se ao bom momento do mercado de ações e a recuperação de créditos, além do fim de provisionamentos passados por conta de acordos com empresas devedoras.

Do total do lucro, R$ 3,9 bilhões corresponderam à carteira de renda fixa. "Isso não foi por conta de aumento dos spreads, que foram reduzidos neste ano. Tivemos um sucesso muito positivo de gestão de operação com a solução de problemas do passado", afirmou Fiocca.

O banco, que havia provisionado R$ 845 milhões em 2005, passou a ter uma superávit de R$ 1,052 bilhão em 2006, com a resolução de dívidas de empresas, como a Brasil Ferrovias, comprada pela ALL no ano passado. Com essa resolução de dívidas, ressaltou Fiocca, o nível de inadimplência caiu de 2,08% em 2005 para 0,68% no ano passado.

Já a carteira de ações foi responsável por R$ 2,4 bilhões do lucro no ano passado. Os ganhos vieram de dividendos e da venda de ações. Uma das principais operações com renda variável foi a venda de papéis do Banco do Brasil para o varejo.

Os ativos totais do BNDES aumentaram 7,1% e atingiram R$ 187,47 bilhões.

O conselho de administração da instituição fixou um orçamento de R$ 58,1 bilhões a R$ 61,2 bilhões para 2007, adiantou o presidente do banco.

No ano passado, o banco desembolsou R$ 52,3 bilhões, um novo recorde, apesar de não ter cumprido pelo quarto ano consecutivo o orçamento inicial, de 60 bilhões.

A expectativa do Banco é que este ano os desembolsos cresçam ainda mais, por conta do aumento das aprovações que no ano passado somaram R$ 70 bilhões.

Os dados de desempenho do banco em janeiro, divulgados na sexta-feira, informam que nos doze meses encerrados em janeiro, as aprovações atingiram R$ 79,2 bilhões e as consultas, que indicam intenção de investimento por parte dos empresários, somaram R$ 109,2 bilhões, registrando uma alta de 17% em relação aos 12 meses anteriores.

"O resultado das aprovações nos deixa otimista quanto à aceleração da economia brasileira", disse Fiocca.

No primeiro mês do ano, o BNDES desembolsou R$ 4,68 bilhões ante R$ 2,48 bilhões registrados no mesmo mês de 2005.

As liberações foram puxadas basicamente pela indústria, que recebeu R$ 3,1 bilhões, seguido por projetos de infra-estrutura (R$ 947 milhões), agropecuária (R$ 397 milhões), comércio e serviços (R$ 259 milhões) e exportações (US$ 165 milhões).