Título: Desconhecimento de seguro e de previdência é alto em todo mundo
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 23/10/2006, Finanças, p. C2

O desconhecimento de produtos financeiros que garantam a aposentadoria não acontece apenas no Brasil. Uma pesquisa da MetLife, maior seguradora de vida dos Estados Unidos, revela que em todos os lugares, até nos EUA, as pessoas têm consciência de que vão viver mais e que precisam garantir o futuro, mas acham os produtos complicados e inacessíveis.

O problema é ainda pior quando o assunto é seguro de vida. Os entrevistados dizem precisar do produto, mas acham complicado decidir qual a melhor apólice e não reconhecem os benefícios do seguro. Outra conclusão da pesquisa é a percepção dos entrevistados de que o seguro é um produto "irreversível", ou seja, depois de fechada a apólice ela não pode nunca mais ser alterada, destaca Willimam Webster, responsável pelo marketing global da MetLife. Há ainda a percepção de o preço do seguro ser caro.

Na área de previdência, as quatro principais conclusões do levantamento da seguradora foram: as pessoas estão vivendo mais; as taxas de natalidade são mais baixas; os custos médicos não param de crescer; e a volatilidade do emprego é cada vez maior. Segundo Oscar Schmidt, vice presidente da MetLife e responsável pelas operações da seguradora na América Latina, estes problemas são comuns a inúmeros países, mas não há uma solução global.

As tendências identificadas pelo estudo mostram que em alguns países a previdência pública tende a desaparecer ou conviver com um sistema privado mais forte. Já os planos de aposentadoria tendem a ser basicamente de contribuição definida, ou seja, aquele em que a pessoa define quanto vai contribuir e o benefício é calculado a partir deste valor.

Segundo o levantamento da seguradora, a taxa de crescimento da população acima de 60 anos deve ser de 100% entre os anos de 2000 e 2050. No mesmo período, a população de crianças deve cair 33%. Até 2050, 22% da população mundial terá mais de 60 anos, ou seja, o dobro do que era em 2000.

Segundo a pesquisa, 60% dos entrevistados dizem que "ser velho" é ter mais de 70 anos. As pessoas, porém, não pensam em gastar menos hoje para deixar dinheiro para seus filhos ou netos: 52% dos entrevistados dizem ser "muito improvável" que isso aconteça. Já 48% planejam continuar trabalhando. A principal razão para se manter no mercado é financeira, segundo resposta de 69% dos entrevistados.

William Toppeta, presidente da MetLife International, afirma que até em mercados mais "maduros" como o Japão há espaço para desenvolver produtos de previdência. Lá, por exemplo, a seguradora conseguiu desenvolver um produto com algumas garantias mínimas, mesmo que o mercado oscile, e as vendas surpreenderam.

O repórter viajou a convite da MetLife