Título: Tarifa de energia residencial deve subir menos do que o IPCA este ano
Autor: Maia, Samantha
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2006, Brasil, p. A2

O peso das tarifas de energia elétrica no Índice de Preço ao Consumidor (IPCA) deverá ter uma queda substancial este ano. No acumulado de 12 meses até setembro a alta está em 3,06%, mas no ano o resultado deverá ser entre 1,5% e 2,5%, segundo analistas. É um resultado inferior ao previsto para todo o IPCA - 3% - e bem menor do que a alto do ano passado, quando ficou em 8,07%.

Para os consumidores residenciais, os preços subiram até agora em 33 das 64 distribuidoras em todo o país e caíram em 20. Os reajustes das demais empresas serão anunciados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até dezembro. Já para os consumidores industriais, 50 das 54 distribuidoras aumentaram seus preços. Porém, mesmo com reajustes maiores, na média o preço para os consumidores de alta tensão ainda é mais baixo que para as casas.

Os reajustes negativos de energia elétrica neste ano para os consumidores residenciais foram possibilitados pela queda dos Índices Gerais de Preços (IGPs). Esses índices (IGP-M, IGP-DI e IGP-10), utilizados como base para os reajustes junto com um coeficiente de produtividade, são fortemente influenciados pelos preços dos produtos importados. Com o câmbio desvalorizado, eles têm se mantido em baixa.

"Este ano a variação dos preços de energia no IPC vai fechar num patamar baixo, por volta de 1,5%", projeta a economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria Integrada. Segundo ela, o ano que vem não deve repetir um resultado tão baixo, mas os reajustes altos do passado estão fora do cenário pois não há riscos de depreciação cambial e alta dos IGPs. "A tendência é as tarifas subirem um pouco mais em 2007, sem reajustes negativos."

Neste ano também não houve pressão de empresas distribuidoras de energia em recuperar perdas de períodos passados em seus reajustes, o que favoreceu o movimento negativo dos preços do insumo, segundo o economista Otávio Aidar, da consultoria Rosemberg & Associados. Mesmo assim, a variação dos IGPs foi o ponto determinante para os reajustes do setor. "A taxa de câmbio não tende a se desvalorizar no curto prazo e enquanto os IGPs não estiverem apresentando altas, o preço de energia não deve subir", diz Aidar.

O economista acredita que neste ano a inflação das tarifas de energia não chegará a 2,5%. "No ano que vem, mesmo que a inflação de modo geral seja maior, não atingirá diretamente a energia."

Os maiores reajustes para os consumidores residenciais foram das distribuidoras Cataguazes-Leopoldina (MG), com 13,94%, Bandeirante (SP), com 13,18%, e Santa Maria (ES), com 10,55%. As maiores baixas foram das empresas Copel (PR), com 12,71%, CEEE (RS), com 9,39%, e Cenf (RJ) com 8,51%. (Com Agência Brasil)