Título: Serra bate na tecla da experiência
Autor: Torres, Fernado
Fonte: Valor Econômico, 01/10/2012, Política, p. A5

O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, bateu na tecla da experiência em comício na zona leste, na noite de ontem. "Se me puserem um estagiário [para pilotar avião]

, eu não vou", disse o político, que assumidamente tem medo de voar.

Serra aproveitou o comício também para negar um dos pontos levantados pelo rival petista Fernando Haddad, de que a administração municipal não se interessa por verbas e programas federais.

O candidato disse que seu vice, Alexandre Schneider, então secretário da educação, pediu verba do programa federal para construção de creches, mas que o repasse nunca teria ocorrido. "Não foi por maldade. Anunciaram 6,5 mil creches e fizeram 300, mas nenhuma em São Paulo. O programa não andou."

De acordo com Serra, os rivais "têm um talento para comunicação" que seu partido não tem. "Eles mostram o que não existe e a gente não consegue mostrar o que existe."

Pediu ajuda dos militantes para que eles atuem no corpo a corpo nessa reta final de campanha, divulgando as realizações do prefeito Gilberto Kassab e do governador Geral Alckmin. "Temos que sair conversando. Só tem mais dois programas de TV", lembrou.

Serra não fez críticas diretas a Haddad, mas começou seu discurso ressaltando que no palanque não havia padrinhos ou apadrinhados, numa referência velada ao papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha do ex-ministro da saúde. "O último filme que eu vi com esse título é do começo dos anos 70, "O Poderoso Chefão", que mandava, fazia isso aquilo etc. Nós não temos padrinho. Não precisa", afirmou.

Disse que quando assumiu o cargo assumir o cargo de prefeito, posto ocupado até então por Marta Suplicy, a cidade de São Paulo parecia com Chicago dos anos 30, com negociações envolvendo subprefeituras. "O que se avizinha, ou se avizinharia, se a eleição desse errado, é a volta do troca troca".

A tarefa de bater mais duro em Haddad coube ao vice na sua chapa. Schneider, candidato a vice, disse que o petista ser novo, ele seria o responsável pela criação da taxa do lixo, da taxa de luz durante a gestão de Marta e que ele "não gosta de São Paulo". "Quantas vagas em creche o Haddad fez em São Paulo, zero. Em escola técnica, zero. Em universidades, zero? Então qual a nota dele? Zero. Dá para colocar na prefeitura alguém que não gosta de São Paulo na prefeitura de São Paulo?"

A menção mais direta a Celso Russomanno (PRB), também foi feita pelo candidato a vice. "A gente não sabe o que ele pensa e parece que se orgulha de dizer que não precisa dizer nada para a população", afirmou Schneider.

O ex-governador Alberto Goldman foi o único do alto escalão que tocou diretamente no caso do Mensalão. Ele afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já teria concluído que houve formação de quadrilha. "Agora nesta semana o STF vai dizer quem organizou a quadrilha", afirmou.