Título: Atraso ameaça programa de governo tucano
Autor: Lima , Vandson
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2012, Política, p. A8

Mote para os ataques de Fernando Haddad (PT) ao concorrente e líder nas pesquisas de intenção de voto Celso Russomanno (PRB), a não apresentação de um programa de governo ainda no primeiro turno das eleições pode ser um problema também para o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra.

Segundo o coordenador de campanha do tucano, Edson Aparecido, os grupos temáticos envolvidos na elaboração dos textos finais de cada área do programa têm reuniões agendadas para esta semana. "Falta bem pouco para finalizarmos. Mas programa de governo é coisa séria, precisa estar impecável e o próprio Serra pediu pelo menos dois dias para revisar cada passagem". A data anteriormente prevista, quinta-feira, deve ser postergada.

O problema é que, de acordo com o coordenador, pode não haver tempo para um lançamento ainda no primeiro turno. A lei eleitoral institui que os candidatos só podem realizar eventos públicos até três dias antes da eleição - ou seja, a data limite se dará em oito dias, na quinta-feira, 3 de outubro, quando normalmente também ocorre o último debate em televisão. "Estamos correndo contra o tempo. Acho que vamos apresentar o programa antes, mas não é possível cravar uma data", diz Aparecido.

Em que pese a corrida com o relógio, Aparecido garante que o programa do candidato tucano será "de longe o melhor e mais completo" a ser apresentado para a cidade. A grande vantagem, observa, é que Serra tem como aliados tanto o governo estadual, do correligionário Geraldo Alckmin, quanto o municipal, de Gilberto Kassab (PSD). "É algo que não ocorreu em eleições anteriores. Tivemos acesso a secretários dos dois poderes, o que nos possibilitou traçar metas com base na realidade financeira do município e em parcerias previstas com o Estado".

Para os últimos dias de campanha em primeiro turno, a ordem no PSDB é focar as atenções em eventos no centro expandido do município, onde o PSDB normalmente é bem votado. Segundo um outro integrante da campanha, as críticas continuarão tendo como alvo preferencial o candidato do PT. Russomanno só será atacado em ações pontuais, como fez o próprio Serra ao classificar como "regressiva" a proposta do candidato do PRB de criar uma tarifa de ônibus proporcional ao trajeto utilizado.

O temor dos tucanos é que Russomanno de fato perca votos com os ataques adversários, mas não se sabe ao certo para onde esse eleitorado migraria - como ele tem tomado muitos votos do PT nas franjas da cidade, esses eleitores poderiam aderir a Haddad, o que tiraria Serra do segundo turno.

Serra fez ontem caminhada por Sapopemba, distrito na região sudeste. Prometeu abrir 30 mil novas vagas de ensino técnico na cidade e criar o ProTec, que custeará bolsas em escolas técnicas particulares.

Questionado, Serra classificou como "o fundo do poço" uma possível articulação para que Gabriel Chalita, candidato pelo PMDB, apoie Haddad no segundo turno em troca do comando do Ministério da Educação. "Olha, eu acho o [Aloizio] Mercadante um ministro fraquíssimo. Botar o Chalita é chegar no fundo do poço. Seria uma verdadeira tragédia. Mas em matéria de PT dá para esperar tudo".

Mercadante se tornou ministro da Educação em janeiro deste ano. Entrou justamente no lugar de Haddad, que deixou o posto para se candidatar na sucessão paulistana.