Título: Dívida pública aumenta 2,2% em setembro e atinge R$ 1,061 trilhão
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2006, Finanças, p. C1

O estoque da dívida pública mobiliária federal interna aumentou 2,2% em setembro, chegando a R$ 1,061 trilhão. O impacto dos juros foi de R$ 12,16 bilhões no mês passado. Em setembro de 2005, o estoque era de R$ 933,32 bilhões. Na composição da dívida, setembro mostrou aumento da participação dos títulos prefixados, queda do volume de papéis ligados à taxa de juros, redução da parcela vinculada ao câmbio e ligeira queda na porcentagem relacionada a índice de preços. O mês passado teve aumento da quantidade de títulos de vencimento curto (até 12 meses). Quanto aos prazos médios, houve estabilidade no estoque e queda no referente à emissão.

O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Ronnie Tavares, procurou destacar que, seguindo a estratégia do governo, a participação dos prefixados subiu de 31,49% (agosto) para 32,83%, o que significa a maior participação da série histórica iniciada em dezembro de 1999. Em junho, mês cujo cronograma de administração da dívida é comparável a setembro, os prefixados eram 31,46%.

Em setembro, a participação dos papéis ligados à Selic caiu de 42,5% para 41,46% e a porcentagem dos títulos vinculados a índice de preços teve ligeira redução de 21,56% para 21,51%. A parte ligada ao câmbio diminuiu de 2,24% para 1,99%, sem considerar operações de swap. E o prazo médio do estoque caiu ligeiramente, de 29,84 meses para 29,65 meses. O prazo das emissões diminuiu de 38,5 meses para 33,6 meses. E a parte da dívida que vence em até 12 meses aumentou de 39,19% para 39,99%. Tavares disse que setembro teve volume reduzido de vencimentos: R$ 13,45 bilhões. Desse total, R$ 10,22 bilhões foram de LFT, título vinculado à Selic. A emissão líquida, em setembro, foi de R$ 10,69 bilhões.

Quanto ao prazo médio do estoque da dívida - caiu de 29,84 meses para 29,65 meses -, Tavares explicou que a prioridade é melhorar a composição da dívida. O Plano Anual de Financiamento (PAF) prevê intervalo entre 30 meses e 35 meses. O prazo médio das emissões em ofertas públicas também caiu de 28,5 meses para 33,6 meses em setembro. O Tesouro esclareceu que esse movimento ocorreu por dois motivos. Em primeiro lugar, aumentou a participação dos prefixados, mais curtos. Ocorreu ainda encurtamento do prazo dos papéis remunerados por índice de preços.

A parcela dos títulos que vencem em até 12 meses aumentou em setembro. Foi de 39,19% para 39,99%. Mas Tavares afirmou que o Tesouro está trabalhando para cumprir o intervalo previsto no PAF: 31% a 36%. O coordenador explicou que, nesse cálculo, os vencimentos previstos para o último trimestre de 2007 são muito mais baixos que os do quarto trimestre deste ano. Portanto, vai haver convergência. "É factível ficar no intervalo do PAF", disse.

Os títulos da dívida vinculados ao câmbio, considerando as operações de swap, tiveram, em setembro, posição ativa em R$ 14,21 bilhões. Isso representa participação negativa de 1,34% no estoque. Em agosto, a posição ativa em câmbio era de R$ 14,62 bilhões (1,41%). Na análise do chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central (Demab), Ivan de Oliveira Lima, essa redução da posição ativa em câmbio não é tendência, mesmo reconhecendo que o movimento vem ocorrendo desde maio.

Em outubro, segundo Oliveira Lima, houve resgate líquido de US$ 860 milhões nas operações de swap. E, de janeiro até 20 de outubro, os resgates de instrumentos cambiais (títulos e swaps) somaram US$ 10,4 bilhões. Para o chefe do Demab, eventos externos deixaram o mercado volátil em setembro. Entre esses eventos, foram citadas as crises políticas na Tailândia e na Hungria, a redução de alguns preços de commodities e a turbulência política gerada com a revelação do dossiê contra os tucanos. A rolagem dos títulos subiu de 13,83%, em 18 de setembro, para 14,30% em 21 de setembro, reduzindo o interesse do investidor.