Título: BB lança linha vinculada a receita de cartão
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2006, Finanças, p. C1

O Banco do Brasil anuncia hoje a criação de uma linha de crédito para micro e pequenas empresas vinculada às receitas com cartões. Com o novo produto, o BB pretende avançar no mercado de financiamentos vinculados aos meios eletrônicos de pagamento, que, espera-se, deverão tomar cada vez mais o espaço dos pagamentos tradicionais em papel.

Até agora, o BB operava apenas com uma linha de crédito de capital de giro que antecipava receitas das pequeno e micro empresas em suas vendas efetivamente feitas por meio dos terminais da Visanet. A partir de hoje, vai conceder também financiamento com base no fluxo esperado de pagamento nos meses seguintes.

As pequeno e micro empresas vão receber um limite automático de crédito na nova linha, que foi batizada de Recebíveis Cartões a Realizar. Vão poder tomar empréstimos equivalentes a até quatro vezes a média mensal de receitas obtidas no Visanet nos 12 meses anteriores.

A grande diferença é que as empresas terão um limite de crédito maior do que têm na linha tradicional de antecipação de receitas de cartões. Antes, o empresário tinha que vender primeiro o produto por meio das maquinetas do Visanet, para só então tomar um financiamento garantido por esse recebível. Agora passa a contratar financiamentos mesmo antes de vender.

Outros bancos já haviam lançado produtos semelhantes - conhecidos no mercado como "operação fumaça" -, e com isso ameaçavam atrair empresas que mantêm o domicílio do Visanet no BB para suas bases de clientes.

Mais do que uma disputa no curto prazo com os concorrentes, porém, o novo produto é um movimento do BB para se posicionar em um mercado com alto potencial de crescimento. "Os cartões de crédito estão sendo cada vez mais aceitos no país", afirma o diretor de micro e pequenas empresas no BB, José Carlos Soares.

Hoje, a maior parte dos financiamentos ainda é vinculada a meios de pagamento tradicionais. O BB tem, por exemplo, um volume descontado de R$ 2,750 bilhões de cheques predatados, ante R$ 500 milhões na linha tradicional de antecipação de recebíveis de cartões. Na medida em que os cheques sejam menos usados, porém, a tendência é aumentar o uso dos financiamentos ligados a meios eletrônicos. A expectativa do BB é que a nova linha chegue a um volume financeiro de R$ 600 milhões até o final do próximo ano.