Título: Russomanno promete mudar Cidade Limpa e colhe elogios de lojistas
Autor: Cunto , Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2012, Política, p. A6

O candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, rebateu ontem as críticas dos adversários que o acusam de ser pouco experiente e "não ter propostas", mas se enrolou ao falar de seu programa de governo e projetos para a cidade ao debater com empresários da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).

Russomanno falou da carreira no serviço público, que começou como diretor do emplacamento no Detran na década de 1980, na gestão do ex-governador Paulo Maluf (PP), até os quatro mandatos na Câmara dos Deputados. "Tenho mais experiência que o [petista Fernando] Haddad, o [pemedebista Gabriel] Chalita, todo mundo junto."

Irritado com os ataques dos adversários, repetiu o bordão que elegeu Tiririca (PR-SP) o deputado federal mais votado do país para criticar a atual gestão, do prefeito Gilberto Kassab (PSD). "Pior do que está não dá pra ficar", ironizou. "Se eles [atual gestão, que apoiam o tucano José Serra] têm experiência e geriram a cidade desse jeito, então não sei o que significa experiência, porque nada funciona na prefeitura", disse.

O ex-deputado afirmou é pressionado a apresentar seu programa de governo, mas que isso é uma "antecipação". "Programa de governo só se coloca em prática a partir do segundo ano, porque o orçamento para 2013 já está votado", afirmou, embora tenha impresso o plano de governo que está em seu site para mostrar que tem propostas. O livrinho, porém, não evitou que se enrolar-se aos falar de seus projetos no debate.

Questionado sobre o que faria com o "excesso de restrições" da Lei Cidade Limpa, que limita a publicidade nas ruas, o candidato endossou a crítica e disse que a legislação "é muito radical" quanto ao tamanho das placas. Entretanto, não conseguiu explicar que mudanças fará. "Vou estudar com os técnicos da prefeitura de que forma a gente pode melhorar um pouco essa lei."

O candidato também confundiu-se ao dizer que a atual gestão quer "entregar todo o mobiliário urbano à uma só empresa". Na verdade, a licitação que permitirá explorar a publicidade em relógios de rua e pontos de ônibus em troca da manutenção destes terá dois vencedores.

Cercado por empresários simpáticos a sua candidatura - foi chamado constantemente de "futuro prefeito" e ouviu de um deles que "era difícil questioná-lo, pois se conheciam há 20 anos" -, o candidato colheu elogios e encontrou terreno farto de críticas à prefeitura.

Presidente da Vivenda do Camarão, rede com mais de 108 restaurantes em 15 Estados, Fernando Perri contou que recebeu ajuda de Russomanno para tentar facilitar a importação de camarão e "combater o lobby que beneficia uns 50 produtores do Nordeste". "Sem pedir nada em troca, o então deputado me levou à Brasília para reunião com alguns ministros", afirmou.

Em seguida, Perri emendou críticas à atual legislação, que exige a construção de mezaninos nas lojas de shoppings. "Vamos rever a legislação quando for ineficiente", prometeu Russomanno.

O candidato ouviu e concordou com críticas a Kassab feitas pelo presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, pelas ameaças de fechamento de shoppings que estão irregulares e da proibição de que outro, o JK, abrisse por falta de um viaduto que diminuísse o impacto no trânsito da região. "A atual gestão deixou os shoppings se instalarem, e agora sai por aí falando que vai fechar [o shopping], acabar com 3 mil empregos, isso é insano", disse Russomanno.

Ele prometeu estabelecer prazo para a prefeitura liberar alvarás e outros documentos, como defende a Alshop, e evitou dizer se fechará alguma unidade, atribuindo a culpa pelas irregularidades na prefeitura. Questionado sobre as denúncias de pagamento de propina apuradas pelo Ministério Público e pela própria administração, esquivou-se. "Não conheço o processo, quero conhecer antes de responder."

Russomanno, que não responde mais a perguntas sobre religião porque "quer discutir propostas para a cidade", também não quis comentar as críticas de Haddad de que sua promessa de cobrar uma tarifa "progressiva" dos usuários de ônibus - em que quem usar menos pagará menos - "prejudica os mais pobres". "Não vou entrar no embate, ele está fazendo ataques pessoais."