Título: Banco Popular corrige o rumo
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 24/10/2006, Finanças, p. C8

O Banco Popular do Brasil (BPB), subsidiária integral do Banco do Brasil (BB) para operação com a baixa renda, espera começar a dar lucro no primeiro semestre de 2007, disse o presidente da instituição, Robson Rocha.

Criado em 2003 e com operações comerciais iniciadas em julho de 2004, o BPB já amealhou 1,5 milhão de contas correntes, com 4,7 mil pontos de atendimento em correspondentes bancários. Os clientes do Banco Popular têm acesso à conta simplificada, que dispensa a apresentação de comprovantes de residência e renda dos clientes e isenta suas transações financeiras de CPMF e IOF.

O BPB realizou 2,7 milhões de operações de microcrédito, desembolsando R$ 300 milhões. O valor médio dos empréstimos é de R$ 111,00. Apenas no primeiro semestre, o Banco Popular concedeu R$ 81,3 milhões em crédito, em 603 mil operações.

Os recursos vêm dos 2% dos depósitos à vista que o BB tem que canalizar para o microcrédito.

Mas, a inadimplência elevada - o índice de perdas é de 9% -levou o banco corrigir o rumo. Uma das medidas é para melhorar a qualidade da carteira de crédito. Anteriormente, assim que o cliente abria a conta já tinha direito a um crédito de R$ 50 a R$ 600. Agora, o limite de crédito só será aberto após 90 dias de movimentação da conta e dependerá também da avaliação do sistema de credit score desenvolvido pelo BB para o segmento.

Outra medida, disse Rocha, será reestruturar a rede de atendimento - composta exclusivamente por correspondentes bancários - para que os clientes do BB possam também ser atendidos e liberar o uso das máquinas de auto-atendimento do banco pelos clientes do Banco Popular.

Até o início de 2007, os clientes do BPB terão cartão de débito. Atualmente, o cartão oferecido só permite saque nos terminais do próprio banco. Outros produtos específicos para esse segmento estão sendo desenvolvidos.

Além disso, o BPB embarcou em um programa de corte de gastos. "Estamos com uma operação franciscana", afirmou Rocha, lembrando que houve cortes no topo da administração e outras mudanças que garantiram uma economia de 27% na folha de pagamentos. "Já estamos perto do equilíbrio, mas fechamos no negativo neste ano", disse.

No 2º Congresso Anual Bancos de Varejo, realizado ontem pelo IIR Conferences, Rocha afirmou que o BPB é o canal utilizado pelo BB para ter acesso à população não bancarizada do país, calculada em cerca de 40 milhões de pessoas, quase a metade dos 96 milhões da população economicamente ativa (PEA).

Esse segmento também está sendo alvo de intensa disputa pelas redes de varejo em parceria com instituições financeiras e outros bancos estatais como a Caixa Federal..

O universo de clientes a ser abordado pode ser maior porque as pessoas de menor renda têm dificuldade de acesso ao sistema financeiro tradicional. Dados do IBGE indicam que 63 milhões de pessoas da PEA - o equivalente a 66% - têm renda até três salários mínimos; e cerca de 53 milhões, até dois salários mínimos.