Título: Competição pelo cliente chega ao pedágio eletrônico
Autor: Martinez, Chris
Fonte: Valor Econômico, 22/02/2007, Empresas, p. B1

Imagine-se enchendo o tanque do carro no posto de gasolina e pagando a conta com a simples "leitura" daquela caixinha que fica grudada no pára-brisa do seu automóvel. Sim, há outras funções para o aparelho que permite passar livremente pelas cancelas de alguns pedágios e estacionamentos. O que parece mais uma comodidade da vida moderna já é uma realidade em Portugal, nos Estados Unidos e, em breve, no Brasil.

A novidade poderá ser trazida ao Brasil pelas mãos do grupo STP, que administra o sistema de pagamento automático de pedágios e estacionamentos Sem Parar/Via Fácil em 22 rodovias em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Também está presente em 11 shopping centers e no aeroporto de Congonhas (SP). "Precisamos cadastrar uma ou mais redes de postos de gasolina", diz o presidente Pedro Donda.

A portuguesa Via Verde, sócia da concessionária CCR (uma das controladoras do grupo STP) lançou o sistema em Portugal. A idéia é explorar outros serviços associados ao uso do automóvel e que podem ser pagos pelo Sem Parar. "Somos um meio de pagamento semelhante ao cartão de crédito e há espaço para crescer com criatividade."

O Sem Parar usa a tecnologia de leitura de dados por radiofrequência. Essa tecnologia permite a identificação automática de veículos a uma velocidade de 40 Km/h. Os sinais são emitidos pelo aparelho (que tem um chip) e captados por uma antena instalada em pedágios ou cancelas dos shoppings.

Difundido mundialmente, o pedágio ou estacionamento eletrônico está começando no Brasil. O STP foi precursor com o Via Fácil, que nasceu em 2000 com a concessão das rodovias ao setor privado. Ganhou fôlego em 2003, com a entrada de novos sócios, a maioria concessionárias como a CCR e a OHL.

Até recentemente, reinou absoluto. Mas, em breve, terá que disputar o usuário com um novo concorrente, a DBTrans, empresa de tecnologia e gerenciamento de pedágios, que acaba de lançar o pagamento eletrônico e com a mesma tecnologia. Seu sistema, também com chip, chama-se AutoExpresso. "Fizemos um teste piloto no Rio Grande do Sul, mas estamos partindo para Rio e São Paulo este ano", diz Marcelo Nunes, gerente comercial da DBTrans.

As estratégias de competição estão focadas no bolso do consumidor. O AutoExpresso cobrará do usuário uma taxa de adesão de R$ 20 e mensalidade de R$ 6, enquanto na Via Fácil/Sem Parar o valor é R$ 48, e mensalidade de R$ 8. A diferença é que a fatura com os gastos dos pedágios e estacionamentos do Sem Parar pode ser debitada em conta corrente ou no cartão de crédito. No AutoExpresso há apenas a opção do débito em conta.

"Tem mercado para todos, a escolha vai ser do cliente, assim como acontece com cartão de crédito", diz Nunes, da DBTrans. A "cancela eletrônica que lê a caixinha da AutoExpresso, lê também o Sem Parar. O foco da DBTrans, porém, está mais em estacionamentos de shopping. No Rio, estréia em 16 empreendimentos neste ano.

O grupo STP, que tem na pessoa física 65% de sua receita, deverá se concentrar mais em rodovias, de onde vem mais de 80% de sua receita. A empresa tem 750 mil veículos cadastrados e movimentou R$ 1,6 bilhão no ano passado, com crescimento de 21% em relação a 2005. A receita bruta somou R$ 76 milhões, com alta de 56,7%. O lucro líquido totalizou R$ 11,9 milhões, com expansão de 65,2%, no mesmo período.