Título: Arcelor Brasil quer acelerar compras de usinas na AL
Autor: Nakamura, Patrícia
Fonte: Valor Econômico, 22/02/2007, Empresas, p. B8

A Arcelor Brasil adotará postura agressiva a partir deste ano para ampliar, por meio de aquisições, sua participação no mercado latino-americano de aços longos (voltados principalmente para a construção civil). Além de participar do processo de privatização da colombiana Paz del Río, marcado para o mês que vem, a subsidiária brasileira está de olho num universo de cerca de 20 empresas na região, cuja capacidade de produção anual é de cerca de 1 milhão de toneladas de aços longos.

"Já começamos a ouvir propostas de bancos de investimento que representam algumas dessas usinas", afirmou ao Valor Leonardo Horta, diretor financeiro e de relações com o mercado da Arcelor Brasil. "Somos consolidadores naturais". O executivo, entretanto, não quis revelar quais são os possíveis alvos de aquisições, que serão feitas nos próximos cinco anos.

Enquanto não vai às compras, o grupo conta com a expansão orgânica para chegar às 11,6 milhões de toneladas de vendas em 2007, sendo 5,2 milhões em aços longos e 6,4 milhões de planos. Com seis meses de atraso, a controlada Cia. Siderúrgica de Tubarão (CST) vai colocar em operação, em meados de abril, seu terceiro alto-forno, que vai aumentar a produção da usina das atuais 5 milhões de toneladas de placas para 7,5 milhões.

"Tivemos alguns problemas de fluxo de caixa e enfrentamos uma greve e a temporada de chuva", justificou Horta. A maior parte da produção seguirá para a América do Norte - serão mantidos os mesmos patamares de exportação para os Estados Unidos, que correspondem hoje a 60% da produção de placas da CST. A imposição do governo americano para que a Arcelor Mittal venda sua subsidiária Sparrows Point para ficar com a canadense Dofasco abre novas possibilidades de vendas na região, disse Horta.

Também será concluída, no terceiro trimestre, a expansão da argentina Acindar, de 3,4 milhões para 3,7 milhões de toneladas. Entretanto, ainda não foi definida a ampliação da usina de aços longos em João Monlevade (MG). Para este ano, estão definidos investimentos de US$ 684 milhões, entre projetos de ampliação e manutenção das unidades. Em 2006, o montante foi de US$ R$ 1 bilhão, usados na ampliação da Acindar, Belgo-Mineira e CST. "De alguma forma, as discussões com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) podem afetar a decisão de investimentos", afirmou o diretor da Arcelor. A matriz do grupo questiona a CVM, que impôs pagamento de R$ 51,27 por ação da Arcelor Brasil na oferta de recompra de ações.

No primeiro ano pleno de atividades, a Arcelor Brasil (composta por CST, Belgo e Vega do Sul, além de controladas nos países vizinhos) teve lucro de R$ 2,26 bilhões, cerca de 30% a menos em comparação aos R$ 3,2 bilhões obtidos em 2005. Os custos de produção e a valorização do real perante o dólar e o peso argentino corroeram as margens da empresa. No quarto trimestre, o lucro subiu de R$ 397 milhões para R$ 820 milhões. O volume de vendas no ano foi recorde, de 10,1 milhões de toneladas (7% superior a 2005); entre outubro e dezembro foram comercializadas 2,56 milhões de toneladas (crescimento de 16%). Os longos responderam em 2006 por 5 milhões de toneladas, e os planos por 5,1 milhões de toneladas.

A receita líquida do grupo no ano foi de R$ 14 bilhões, uma alta de 5% ante o exercício anterior. No último trimestre a receita alcançou R$ 3,68 bilhões, alta de 25%. A geração de caixa pelo conceito lajida no ano foi de R$ 4,4 bilhões, com margem de 31%. Horta informou que as sinergias com a criação da Arcelor Brasil vão subir dos R$ 444 milhões em 2006 para R$ 521 milhões, neste ano.