Título: Obama abre vantagem em Estados-chave nos EUA
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 27/09/2012, Internacional, p. A13

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ampliou o seu favoritismo para ganhar um segundo mandato nas eleições de novembro, mostram pesquisas recentes de intenção de voto. Cresceu a sua vantagem nos Estados da Flórida e do Ohio, considerados estratégicos na corrida pela Casa Branca.

A liderança de Obama em Ohio chegou a 10 pontos percentuais, segundo pesquisa da Quinnipiac University, "The New York Times" e CBS News. Ele tem 53% das intenções de voto no Estado, contra 43% de seu adversário republicano, o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney. Na Flórida, a dianteira é de nove pontos percentuais, com 53% para Obama e 44% para Romney.

A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para cima e para baixo, por isso é possível que a vantagem de Obama nesses Estados não seja tão grande. Uma pesquisa do jornal "Washington Post" dá vantagem de quatro pontos percentuais. Mas o conjunto de pesquisas eleitorais divulgadas por diferentes institutos confirma, de forma clara, que Obama ampliou a vantagem nas últimas semanas.

O site Real Clear Politics, que faz a média das pesquisas das três semanas anteriores, mostra que Obama ampliou de 1,5 ponto percentual para 5,2 pontos percentuais a sua dianteira em Ohio, do começo do mês para cá. Na Flórida, ele saiu de empate em fins de agosto para uma vantagem de pouco mais de três pontos percentuais.

"As pesquisas estão mostrando uma tendência", afirma Clifford Young, diretor-executivo do Ipsos Public Affairs, uma empresa de pesquisas de opinião pública.

Flórida e Ohio são considerados essenciais na corrida pela Casa Branca porque elegem mais delegados para o colégio eleitoral encarregado de escolher o presidente. Ao contrário do Brasil, as eleições americanas não são decididas diretamente pelo voto popular. Os Estados elegem 538 delegados, e são necessários 270 votos para ser eleito presidente. A regra geral é que o candidato a presidente mais votado num Estado leve todos os seus delegados ao colégio. A Flórida elege 29 delegados, e o Ohio, 18.

Ohio e Flórida são importantes também porque são dois dos chamados Estados-pêndulo, que ora votam em candidatos republicanos, ora em democratas. Na maioria dos Estados, já se sabe que partido/candidato deve ganhar. A Califórnia elege 55 delegados, mas não é tão estratégico na disputa porque tradicionalmente vota em democratas. Já o Texas, com 38 delegados, é alinhado aos republicanos.

Como há mais Estados pendendo para os democratas nesta eleição, em tese Obama tem um caminho mais fácil no colégio eleitoral. Se Romney perder em Ohio e na Flórida, ele fica praticamente sem chances de ser eleito. Obama continua com chances razoáveis mesmo se perder nesses dois Estados.

"Obama está sendo mais eficiente no discurso para os públicos importantes nesses Estados", afirma Young. Na Flórida, um Estado com clima mais ameno, para o qual muitos americanos se mudam depois de se aposentar, a campanha de Obama tem dito que Romney irá acabar com o sistema público de saúde que atende os idosos. Em Ohio, um decadente Estado industrial, Obama tem pintado o republicano como um candidato milionário incapaz de entender as necessidades dos americanos médios, que sofrem as consequências de uma grave crise econômica e do alto desemprego.

Romney fez uma viagem de ônibus em Ohio nos dois últimos dias, numa tentativa de se aproximar desses eleitores. "Estive em todo o país", disse ontem. "Sinto dor no coração pelas pessoas que encontrei." Obama tem sido, desde o início de seu mandato em 2009, uma presença constante em Ohio. Uma reportagem do "Washington Post" mostra que ele priorizou o Estado na distribuição de verbas e nos programas nacionais, e que a cada três semanas ele ou seu vice-presidente, Joe Biden, esteve por lá.