Título: Presidenciáveis centralizam disputa no TSE
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2006, Política, p. A9

O presidente Lula e o seu principal adversário, o tucano Geraldo Alckmin, centralizaram a disputa no Tribunal Superior Eleitoral. Desde o começo da campanha na TV e no rádio, o TSE recebeu 307 representações. Dessas, 137 são de disputas entre os dois candidatos.

Os números revelam que Alckmin foi mais agressivo: entrou com 76 representações, enquanto Lula recorreu 61 vezes. Essa estratégia parece ter dado certo para o tucano, que obteve mais vitórias contra Lula no primeiro turno, quando ingressou com a maior parte das ações. Já no segundo turno, os advogados do PT contra-atacaram e ingressaram com dezenas de pedidos de direito de resposta. O resultado: a campanha de Lula conseguiu equilibrar a disputa no segundo turno.

As chamadas invasões - quando um presidenciável aparece no horário destinado a candidatos a governadores dos Estados e senadores - foram responsáveis pela perda de quase 50 minutos no tempo de Lula no primeiro turno. Alckmin perdeu dois minutos no período por ridicularizar o PT num comercial em que citou escândalos no governo.

Ao todo, o TSE analisou 59 pedidos de perda de tempo por invasão entre Lula e Alckmin. O tucano foi autor de 49 representações. Ou seja, foi bastante agressivo contra o presidente, principalmente no primeiro turno, quando entrou com 46 representações. E obteve sucesso. Dos quase 50 minutos perdidos por Lula, 25 foram retirados por representações de Alckmin. As outras derrotas foram motivadas por ações de candidatos que disputavam governos locais contra o PT.

No segundo turno, o PT foi mais incisivo e conseguiu equilibrar a disputa. O partido ingressou com dezenas de representações para obter direito de resposta contra a pergunta-chave da campanha de Alckmin: "De onde veio o dinheiro para a compra do dossiê?" Os ministros do TSE negaram o direito de resposta nas primeiras ações, mas acabaram concedendo após a campanha tucana responsabilizar o presidente pela demora no esclarecimento do caso.

A conclusão do TSE foi a de que a campanha de Alckmin não poderia ter imputado um suposto crime ao presidente - a pretensa ocultação da origem do dinheiro. Lula ganhou três minutos de resposta nessas ações. Mas Alckmin obteve dois minutos para responder à acusação de que o PSDB, durante o governo FHC, acobertou escândalos de corrupção. Os ministros do TSE consideraram que a campanha petista deveria especificar quais escândalos teriam sido acobertados.

O TSE analisou 48 pedidos de direito de resposta entre Lula e Alckmin até o início da sessão de ontem. Destes, Lula foi autor de 34 pedidos.

Ao todo, foram 95 processos entre Lula e Alckmin no primeiro turno e 42 no segundo. Apesar de o número de processos ser menor no segundo turno foi neste período que a disputa judicial entre os candidatos se acentuou. Isso porque apenas 12 dias de campanha na TV e no rádio resultaram em 42 novas representações. A campanha do segundo turno teve início em 12 de outubro e, desde então, não houve um só dia em que os comerciais de Lula não foram questionados pela campanha de Alckmin e vice-versa.