Título: Geddel prepara apoio à candidatura de ACM Neto
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Fonte: Valor Econômico, 04/10/2012, Política, p. A7

O ex-deputado Geddel Vieira lima, principal liderança do PMDB na Bahia e um dos mais ferrenhos adversários do senador Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007, evita antecipar posição, mas já tem discurso para uma eventual adesão ao candidato do DEM a prefeito de Salvador, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, num provável segundo turno entre ele e o petista Nelson Pelegrino. "Não tenho medo de fantasma. Ele [ACM] já morreu. Não está nesse jogo. ACM Neto é de outra geração. Defeitos e virtudes não se identificam no DNA", diz.

Em campo oposto ao do governador Jaques Wagner (PT), Geddel não teria espaço político no Estado, se passasse a integrar o grupo governista. Seu projeto é disputar uma eleição majoritária em 2014, para governador ou senador, possibilidade hoje Considerada certa apenas em caso de ele se aliar ao candidato do DEM. Além disso, Geddel rebate as avaliações de que a eleição de ACM Neto traria o risco de volta do chamado "carlismo", um estilo de fazer política que considera "enterrado", junto com ACM avô.

"O carlismo era ACM, e não um conjunto de ideias que embasassem uma doutrina. Era um estilo de fazer política, onde o dirigente podia fazer tudo: caluniar, mentir, agredir, controlar o Poder Judiciário e os meios de comunicação de forma autoritária. Esse carlismo, hoje, está apenas no campo santo, enterrado", diz ele. Completa lembrando que hoje muitos dos carlistas históricos estão aliados a Wagner.

No cenário de apoio de Geddel a ACM Neto, aliados do próprio democrata dizem que o pemedebista poderia ter um lugar na chapa majoritária do grupo em 2014. Além disso, Geddel continuaria sendo uma força política que interessará ao próprio Wagner cortejar, em busca de apoio para a chapa que lançará para sua sucessão. O raciocínio do pemedebista é que, se estiver no campo governista, não terá força para participar do jogo sucessório.

As negociações para um eventual segundo turno só acontecerão após as eleições de domingo, se as umas confirmarem a tendência apontada pelas umas de embate entre ACM Neto e Pelegrino. Outro argumento para eventual apoio a ACM Neto é conhecido: numa eleição, o candidato ideal é escolhido no primeiro turno. Quando há segundo turno, opta-se pelo "menos ruim" e o que tem projeto político mais próximo.

Em caso de segundo turno em Salvador, um apoio do PMDB a Neto poderá ser apenas protocolar ou com engajamento. Vai depender das circunstâncias. Até lá, Geddel permanece ao lado do candidato do seu partido, Mário Kertész, que já governou Salvador por duas vezes. Os dois estão afinados, mas há possibilidade de tomarem caminhos opostos, embora dentro de uma negociação. Ambos têm posições diferentes em relação a um eventual segundo turno e cada um entende a situação do outro. Não está descartada a possibilidade de Kertész simplesmente anunciar neutralidade.

Ele, que governou Salvador por duas vezes e estava afastado da política havia 19 anos, tem divergências com ACM Neto, a quem responsabiliza pelo fato de as oposições ao governo do Estado não terem lançado candidatura única à Prefeitura de Salvador. No ano passado, DEM, PSDB e PMDB tiveram várias reuniões, nas quais foi discutida essa possibilidade. Kertész chegou a se animar com a ideia de ser o escolhido. Mas, como demorou a haver acordo, Neto lançou-se, o que desagradou ao pemedebista.

Ex-ministro da Integração Nacional do governo Luiz Inácio Lula da Silva e atualmente ocupando a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel lançou sua candidatura a governador em 2010, após compromisso do então presidente Lula e sua candidata a presidente, Dilma Rousseff, de que ambos teriam dois palanques na Bahia: o seu e o de Wagner, que disputava a reeleição. No entanto, os dois vieram à Bahia, sem avisar Geddel, e deram apoio ao petista. O gesto tirou o discurso do pemedebista.

Hoje, ele não mostra preocupação com o risco de retaliação, caso opte pela candidatura do DEM em Salvador. "O cargo que ocupo na CEF foi pelo passado e não pelo futuro, não para eu ficar vassalo eternamente do governo. Não vou ficar atrelado ao PT por conta da CEF. Não tenho nada contra Pelegrino. Mas hoje estou em outro campo", afirma, deixando claro que isso não significa, ainda, que já tenha decidido pelo apoio ao candidato do DEM, (RU)