Título: Caciques do Rio participam de campanhas municipais com vistas à eleição de 2014
Autor: Paola de Moura ,
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2012, Política, p. A11

Na reta final para a eleição, pré-candidatos ao governo do Estado do Rio saem dos gabinetes em busca de vitórias no interior que deem vantagem na corrida a 2014. O governador Sérgio Cabral (PMDB) decidiu visitar 32 municípios só nesta semana para apoiar seus candidatos. Cabral leva a tiracolo o vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), pré-candidato oficial. Embora não tenha se engajado na campanha à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB) na capital, Cabral tem na manga duas surpresas para alavancar Pezão: o vice-governador vai assumir o cargo de Cabral no início do próximo ano e será anunciado o nome do secretário de Segurança idealizador das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), José Mariano Beltrame, como vice na chapa.

Também de olho na próxima eleição, o deputado federal Anthony Garotinho (PR) e o senador Lindbergh Farias (PT) comeram a visitar as cidades no início de setembro. Só ontem, o deputado percorreu cinco, e o senador, quatro municípios.

Na eleição de domingo, dos 92 municípios, o PMDB disputará em 52 como cabeça de chapa chapas, das quais tem o PT como vice em cinco. O Partido dos Trabalhadores tem 34 candidatos e o PR, 37. Em Angra e Nova Iguaçu, PMDB e PR são aliados contra o PT. O embate direto entre os três acontece em 9 cidades.

Segundo o presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani, a estratégia do partido é praticamente dominar o Estado elegendo prefeitos em 80% dos municípios, dos quais 30 do próprio partido e o restante de legendas coligadas. Hoje o PMDB governa 35 municípios, mas Picciani alega que apesar da redução, o partido sairá vencedor em cidades mais populosas. "Só em Nova Iguaçu, onde devemos ganhar no primeiro turno, há 1,2 milhão de eleitores. Devemos ganhar também, no segundo turno, em São Gonçalo. São mais 650 mil", explica. Hoje, Nova Iguaçu é governada pela prefeita Sheila Gama e São Gonçalo por Aparecida Panisset, ambas do PDT.

Picciani acrescenta que o partido também conquistará Itaguaí, Volta Redonda, Teresópolis, Araruama, Saquarema e Angra dos Reis, Barra do Piraí, Valença e Três Rio. Mesmo em cidades que o PMDB não deve ganhar, como Macaé, Picciani não considera isto uma derrota. "Não será oposição. Temos uma ótima relação com o PV. É nosso aliado", afirma. Macaé é governada hoje por Riverton Mussi (PMDB), grande aliado de Cabral no Norte Fluminense, região que tem forte influência da família Garotinho. Na cidade, PMDB e PT apoiam candidatos diferentes. Líder na disputa com 63% das intenções de voto, segundo o Ibope em 10 de setembro, Dr. Aluízio (PV) é apoiado pelo PT de Lindbergh. O candidato coligado do PMDB é o ex-secretário de Agricultura de Cabral, Christino Áureo (PSD), que tem 17%.

Por onde passa, Cabral apresenta três armas: a promessa de levar ao interior as UPPs, a implantação de novas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o discurso da parceria entre os governos municipal, estadual e federal, que trariam mais recursos e obras para os municípios.

Em seus discursos, o vice-governador é apontado como o principal mediador com as cidades. "O Pezão tem o maior programa de pavimentação do Brasil, que é o Asfalto na Porta. Este ano foram R$ 200 milhões investidos, mas ano que vem será R$ 1 bilhão para toda a região metropolitana. Itaboraí é prioridade", afirmou Cabral, na terça-feira, em discurso na cidade, ao lado de Helil, o candidato do PMDB. A cidade de 218 mil habitantes sedia o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). Mas Helil está em segundo lugar na corrida, com 27%, atrás do deputado estadual Altineu Côrtes (PR), com 37%, segundo pesquisa do Instituto Ulrich, de 29 de setembro.

Neste dia, o deputado Anthony Garotinho fez campanha com Altineu. O ex-governador também tem armas para usar na cidade. Foi no governo de sua mulher, Rosinha Garotinho (PR), que Itaboraí foi escolhida para receber o Comperj, em 2006. Em campanha, o deputado não esconde seu desejo de voltar a governar o Estado. "Você pode ter certeza, Altineu, que daqui a dois anos vou ser governador de novo", disse no dia da visita. "Na simulação feita para o governo do Estado meu nome aparece mais uma vez liderando com grande folga as duas listas apresentadas aos eleitores. Há região do Estado onde a dois anos da eleição meu nome aparece com 70% das intenções de voto", afirmou.

Nos últimos dias, o deputado tem concentrado suas visitas nas cidades do Norte e Noroeste Fluminense. Na terça-feira, participou do comício de Rosinha em Campos de Goytacazes, a maior e mais rica cidade do Norte do Estado, com 463 mil habitantes. Mesmo envolta numa disputa judicial, a prefeita deve ser reeleita no primeiro turno. Em 18 de setembro, o Ibope apontava Rosinha com 62% das intenções de votos. Makhoul Mussallem (PT) e Arnaldo Vianna (PDT) tinham ambos 11%.

Em Campos, PMDB e PT são aliados, com cinco partidos na base. Em 16 de setembro, o governador era esperado num comício de Mussallem. Mas foi representado por Pezão. Cabral não vai a Campos por temer represálias dos partidários da família Garotinho que costumam fazer protestos na cidade a ponto de fechar a BR-101, como em 2011, em uma manifestação contra a redistribuição dos royalties.

Tentando viabilizar sua candidatura, o senador Lindbergh usou o horário eleitoral em seu arsenal. Praticamente todos os dias, aparecia pedindo votos para vereadores. Usava tanto o espaço, que alguns candidatos chegaram a reclamar. Lindbergh também rodou o interior do Estado. O PT concorre contra o PMDB em 17 municípios. Mas é naqueles em que está unido a Cabral onde estão as chances de vitória, como em Niterói, com Rodrigo Neves (PT).