Título: BBVA amplia em 50% o crédito ao Brasil
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini e Balarin, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2006, Finanças, p. C3

O BBVA deve fechar este ano com carteira de crédito com risco-Brasil de US$ 3 bilhões, estimam Reynaldo Passanezi, presidente do banco no Brasil, e Emilio de Las Heras, chefe do banco corporativo para Estados Unidos e América do Sul. Isso significa um aumento de 50% em relação aos US$ 2 bilhões do início deste ano. O número de clientes está se ampliando, de 30 para cerca de cem empresas, com destaque para o agribusiness.

"Temos um orçamento cada vez maior para o país: queremos crescer mais e mais e mais", disse De Las Heras. Além da área de fusões e aquisições, o banco espanhol está reforçando atuação nos empréstimos em dólar. Passou a emprestar aos setores de álcool, açúcar, celulose, carne, frango e soja. "São empresas com receitas em dólar e que têm mais interesse no financiamento nessa moeda", disse De Las Heras. Os projetos de infra-estrutura no setor energético têm contado com a participação do BBVA.

Hoje, o banco não pode emprestar em reais no mercado interno, pois tem só um escritório de representação no Brasil, com cerca de 25 funcionários. Possui licença de banco comercial não utilizada e uma participação de 5% no capital do Bradesco. A participação foi acertada quando o então BBV vendeu o seu banco no Brasil ao Bradesco, em 2003, após ter atuado no país desde 98, quando comprou o Excel. Os empréstimos externos a empresas brasileiras são contabilizados em Nova York e Madri.

De Las Heras informou que o banco continua avaliando a possibilidade de usar a licença de banco comercial para abrir uma tesouraria no Brasil, de forma a oferecer a investidores institucionais, empresas e fundos de hedge (menos avesso a riscos) operações em reais. Isso esbarraria, no entanto, em acordo de não-competição com o Bradesco.

Passanezi admitiu a existência do acordo, que ele disse que vai perdurar enquanto o BBVA tiver acento no conselho de administração do banco brasileiro. O Valor apurou que o acordo com o Bradesco vai expirar nos próximos meses, o que abriria espaço para o BBVA abrir tesouraria local. Recentemente, o BBVA fechou acordo com o Itaú BBA, que permite que a marca BBVA seja usada no Brasil e a marca Itaú BBA possa ser usada na Europa, confirmou Passanezi.