Título: TSE amplia uso da biometria para 299 municípios
Autor: Borges, André ; Martins, Daniela
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2012, Política, p. A6

Tropas federais nas comunidades Fogo Cruzado, na segunda-feira: Exército em conjunto com a PM fizeram o apoio ao TRE

A biometria deixou de ser um mero piloto tecnológico. No domingo, todos os eleitores de Sergipe e Alagoas só poderão escolher seus candidatos depois de terem suas identificações confirmadas na ponta dos dedos. Nessas eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estendeu o uso da biometria para mais de 7,7 milhões de eleitores, atingindo um total de 299 municípios de 24 Estados do país. "A urna evoluiu. A cada eleição temos uma situação mais transparência e segura", diz Giuseppe Janino, secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Para evitar ataques de hackers, a urna eletrônica não tem acesso à internet ou a qualquer outro tipo de rede externa. Para testar a segurança de seus sistemas, diz Janino, o equipamento foi submetido a uma bateria de ataques de hackers de cinco universidades do país, além da inspeção e teste de 24 investigadores de tecnologia. Ninguém conseguiu acessar nenhum dado, já que tudo fica armazenado em sistemas de criptografia. Dessa forma, o voto só é conhecido quando a informação é retirada da urna e enviada para um computador central de grande porte, que decodifica a informação e computa o voto do eleitor.

A urna eletrônica também está protegida contra os apagões de energia, disse Janino. "Cada equipamento tem uma bateria com autonomia de 12 horas para funcionar se o uso externo de energia elétrica", comenta. "Em locais da região Norte do país, onde levamos as urnas para mais de 500 aldeias indígenas, só utilizamos esse recurso da bateria."

A eleição ocorrerá com o uso de 501,9 mil urnas em todo o país. Desse total, 35 mil são equipamentos novos, adquiridos para atender o crescimento do eleitorado. As máquinas, que têm vida útil de dez anos, atenderão os mais de 138,5 milhões de eleitores do país. A maioria dos eleitores brasileiros tem entre 25 e 34 anos e é formada por mulheres (51,9%). Somente eleitores do Distrito Federal, Fernando de Noronha (PE) e os que residem no exterior não votarão nas eleições municipais deste ano. Serão, ao todo, mais de 3 mil zonas e juízes eleitorais, além de 436,7 mil seções eleitorais. A Justiça Eleitoral vai contar com 1,69 milhão de mesários, dos quais 1,27 milhão foram convocados e o restante, 427 mil, são voluntários.

Segundo Giuseppe Janino, cada voto do cidadão custa em torno de R$ 4 para a Justiça Eleitoral, considerando todos os custos atrelados à eleição. O TSE estima que cada eleitor gaste, em média, 40 segundos para votar. Nas urnas estarão distribuídas informações de um batalhão de 15,6 mil pessoas que concorrem ao cargo de prefeito, 16 mil candidatos a vice-prefeitos e 481,4 mil que disputam um posto de vereador. O número de candidatos a vices é maior que os de prefeitos porque, segundo o TSE, uma vez que o vice-prefeito é substituído, o registro anterior permanece na máquina.

Para apoiar a realização das eleições, o TSE aprovou o envio de forças federais para 268 municípios, localizados em dez Estados brasileiros: Amazonas, Amapá, Alagoas, Maranhão, Pará, Paraíba, Tocantins, Sergipe, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Para liberar o apoio, a Corte analisa os pedidos enviados pelos municípios e checa com os governos estaduais se existe uma demanda que justifique o envio de contingente federal.

No caso da capital fluminense, a solicitação prevê a concentração de soldados do Exército especialmente na região do Complexo da Maré e na Zona Oeste carioca. Na semana passada, o TSE autorizou o envio de tropas para oito cidades do Rio. Elas começaram a atuar no último domingo e ficarão na cidade até o término do primeiro turno das eleições. Cidades como Campos, Itaboraí, Magé, Macaé e Rio das Ostras terão a presença de forças apenas no próximo domingo.