Título: Bovespa ignora EUA e cai pelo 3º pregão seguido
Autor: Takar, Téo ; Katzumata, Suzi
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2012, Finanças, p. C2

As bolsas americanas subiram ontem sustentadas pelas renovadas promessas do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central Europeu (BCE) de dar suporte à economia. No entanto, os movimentos continuaram limitados pela cautela antes do "payroll", o relatório de emprego dos Estados Unidos, nesta sexta-feira e pelos sinais persistentes de fraqueza da economia.

Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,60% e fechou aos 13.575 pontos; o S&P-500 avançou 0,72%, para 1.461 pontos; e o Nasdaq Composite registrou ganho de 0,45%, para 3.149 pontos.

Já na Europa, as bolsas tiveram comportamento misto, com muitos investidores cautelosos, à espera do "payroll". O índice FTSE-100, de Londres, fechou em alta de 0,03%, aos 5.827 pontos; em Paris, o CAC-40 recuou 0,14%, para 3.401 pontos; e em Frankfurt, o DAX cedeu 0,23%, para 7.305 pontos.

Entre os principais eventos do dia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE) não anunciaram mudanças em suas respectivas políticas monetárias, em linha com as expectativas dos mercados. Na entrevista coletiva, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que o anúncio do programa de bônus soberanos do banco, feito em setembro, ajudou a aliviar as tensões do mercado e que a instituição está pronta para dar suporte aos países da zona do euro que requisitarem sua ajuda, deixando a porta aberta para o esperado pedido da Espanha.

À tarde, a ata da última reunião do Fed serviu para relembrar os investidores da determinação do banco central americano em agir para dar suporte à frágil recuperação econômica. Segundo a ata, a combinação de um fraco mercado de trabalho e ausência de pressão inflacionária abre espaço para o Fed conduzir medidas ainda mais agressivas de afrouxamento se não houver aceleração do crescimento.

Por aqui, a Bovespa marcou o terceiro pregão consecutivo de baixa, novamente na contramão das bolsas americanas, após um dia de grande volatilidade. Petrobras PN (0,26%) e Vale PNA (0,95%) subiram, acompanhando a reação das commodities no mercado internacional. Operadores relataram que houve forte atuação dos investidores estrangeiros na compra da ação ON (1,12%) da mineradora, que marcou o terceiro maior volume do dia (R$ 230,6 milhões). No entanto, nos demais papéis da Bovespa o fluxo de capital externo foi predominantemente vendedor. O Ibovespa encerrou em queda de 0,29%, aos 58.458 pontos, com giro de R$ 6,344 bilhões.

Construtoras e companhias de energia foram os destaques negativos do dia. O investidor manteve o mau humor com o setor elétrico observado desde quarta-feira, após entrevista do Valor com o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner. Ele afirmou que vai jogar duro com concessionárias que não quiserem prorrogar os contratos. Transmissão Paulista PN registrou queda de 3,61%; Eletropaulo PN perdeu 3,5%; Eletrobras PNB recuou 3,25%; Copel PNB voltou 2,94%; e Eletrobras ON caiu 2,92%.

Já o setor de construção reagiu ao balanço do segundo trimestre da Rossi Residencial, divulgado com 49 dias de atraso. O lucro líquido cresceu 85,2% sobre igual trimestre de 2011, para R$ 51,323 milhões. No entanto, o balanço não trouxe a opinião do auditor independente, o que levantou questionamentos sobre a credibilidade dos números. Rossi ON caiu 2,70%, enquanto Gafisa ON (-7,56%) liderou as perdas do dia.