Título: País terá de aplicar R$ 2,2 tri em obras
Autor: Freitas, Jorge
Fonte: Correio Braziliense, 20/11/2010, Economia, p. 25

Infraestrutura precária, como estradas esburacadas, é o maior entrave para o crescimento econômico Especial para o Correio

Para dar fim aos gargalos de infraestrutura que impedem um crescimento mais forte da economia e tiram a competitividade dos produtos nacionais no exterior, o Brasil terá que investir pelo menos R$ 2,2 trilhões até 2022, usando, sobretudo, capital privado, já que o setor público não consegue atender às crescentes demandas do país.

Segundo Manuel Rosito, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um dos passos mais importantes para que as empresas e os investidores se animem a tocar obras será a definição de marcos regulatórios do setor. Ele contou que, para reforçar a necessidade de regras claras e consistentes, a entidade entregará, no fim do mês, à presidente eleita, Dilma Rousseff, sugestões para que a iniciativa privada possa aumentar os investimentos, recebendo a garantia de que haverá segurança jurídica e retorno do dinheiro aplicado.

¿Queremos inverter a matriz do país. Mas, para isso, é preciso segurança. Isso aconteceu com o setor elétrico. Ao se estabelecer o marco regulatório, houve um aumento substancial da participação da iniciativa privada nos projetos. Hoje, o capital privado investe 15 vezes mais do que em 2003¿, afirmou Rosito. Pelas suas contas, para cada real aplicado pelo governo no setor de transportes, a iniciativa privada entra com R$ 0,20.

No entender do empresário, esse quadro poderá mudar por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs) ou de contratos mistos. ¿As empresas poderão aplicar 2,5 vezes mais do que os governos federal, estadual e municipal na ampliação da infraestrutura¿, afirmou. ¿Atualmente, faltam regras claras para o privado aplicar, por exemplo, em terminais aeroportuários, onde a gestão fica por conta exclusiva da Infraero. O setor privado só pode entrar como prestador de serviços e não com a gestão¿, acrescentou.

Para Rosito, é imprescindível não só ampliar os aeroportos como também modificar o modelo de operação, deixando de ser depósitos de mercadorias essenciais à espera de liberação, tornando-se corredores de exportação e importação, nos quais autoridades sanitárias, alfandegárias e aeroportuárias trabalhem com agilidade.

Urgência Sustentabilidade, segurança jurídica e gestão formam a base do projeto da Fiesp. Segundo o diretor da instituição, se realmente o país quiser ser alçado à condição de quinta potência econômica do mundo nos próximos anos, terá que priorizar a infraestrutura, contemplando investimentos em rodovias, hidrovias, ferrovias, aeroportos, energia, petróleo e gás, telecomunicações e saneamento. ¿Não há mais tempo a perder. Os gargalos para o crescimento são enormes¿, alertou Rosito.