Título: Disputa em Fortaleza tem empate triplo
Autor: Mota, Camilla Veras
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2012, Política, p. A14

Assim como em Palmas, em Cuiabá e no Recife, em Fortaleza houve reviravolta durante a campanha eleitoral. Devido à margem de erro de três pontos percentuais, a última pesquisa divulgada pelo Datafolha, de ontem, mostrava três nomes em empate técnico no primeiro turno. O petista Elmano de Freitas, apoiado pela atual prefeita, Luizianne Lins (PT), somava 23% das intenções de voto, assim como o deputado do PSB Roberto Cláudio, candidato do governador do Estado, Cid Gomes (PSB). Moroni Torgan (DEM) tinha 17% da preferência dos eleitores e era seguido pelo pedetista Heitor Ferrer (11%) e por Renato Roseno (6%), do PSOL. Inácio Arruda (PCdoB) e Marcos Cals (PSDB) tinham 2% das intenções de voto.

Roberto Cláudio: médico-sanitarista, deputado estadual está no segundo mandato na Assembleia que já presidiu

Na primeira pesquisa estimulada realizada pelo instituto, em julho, Roberto Cláudio e Elmano apareciam em quarto e quinto lugares, com 5% e 3%, respectivamente. Moroni, que concorre pela quarta vez seguida, liderava com 27%; o senador Inácio Arruda tinha 14% e Heitor Férrer (PDT), os mesmos 11%. Depois do início do horário eleitoral gratuito, os candidatos de PT e PSB, que disputam pela primeira vez um cargo Executivo, começaram a ganhar paulatinamente posições nas pesquisas. A aferição mais recente do Ibope, anunciada na quarta-feira, mostrava o candidato do PSB com 25% das intenções de voto; o petista tinha 23% e Moroni caíra para 15%.

Elmano jamais disputou uma eleição. Advogado, começou a trabalhar na atual gestão da Prefeitura de Fortaleza há três anos. Coordenou o orçamento participativo do município e, em setembro de 2011, tornou-se secretário de Educação. Roberto Cláudio é médico-sanitarista. Elegeu-se deputado estadual pela primeira vez em 2006, pelo PHS, e novamente em 2010, já pelo PSB. É ex-presidente da Assembleia Legislativa do Ceará.

O fato de ambos serem estreantes explica as mudanças durante a campanha, na opinião do analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores Associados. "Os candidatos eram desconhecidos, tiveram de ser "apresentados" aos eleitores. Para Roberto Cláudio, o apoio de Cid foi importante. Cid não tem a popularidade de Eduardo Campos [governador de Pernambuco e presidente do PSB], mas tem uma gestão bem avaliada. Para Elmano, mais do que a campanha ao lado da prefeita Luizianne, a presença de Lula fez diferença".

As candidaturas de Elmano e Roberto Cláudio selaram o rompimento entre PT e PSB, racha que se repetiu nestas eleições em Belo Horizonte e no Recife. Na capital cearense, o desentendimento entre as siglas aconteceu, dizem os concorrentes, em razão, de um lado, da escolha do nome de Elmano - ligado à Democracia Socialista, tendência petista minoritária que não é endossada pelo PSB - e, de outro, por conta do envolvimento de Ciro Gomes na campanha de Roberto Cláudio.

Fortaleza tem dez candidatos a prefeito, número semelhante ao de Belém e menor apenas do que o de São Paulo, que possui 12 postulantes.