Título: Petrobras pode assinar acordo provisório na Bolívia
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2006, Brasil, p. A4

Cresce a possibilidade de assinatura de um acordo apenas provisório, e não definitivo, entre as empresas petrolíferas que operam na Bolívia, entre elas a Petrobras, e a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) até sábado. As empresas relatam alguns avanços nas negociações, enquanto um avião está preparado para levar até La Paz o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Em Brasília, o ministério de Minas e Energia, diz que os relatos obtidos até ontem à noite eram de que as reuniões estavam tendo "máximo aproveitamento, o que permite concluir que um acordo pode ser assinado até o dia 28, desde que isso seja de interesse de ambas as partes".

Uma fonte consultada pelo Valor contou que as empresas estão se articulando em torno de questões comuns - como é o caso dos investimentos conjuntos da Petrobras, Repsol e Total - já que as reuniões com a YPFB são realizadas individualmente. Algumas estão mais adiantadas que outras, mas as notícias que vêm da Bolívia apontam para a possibilidade se se assinar no prazo contratos genéricos. Os anexos que detalham questões polêmicas como o modelo econômico dos contratos, posse dos ativos, investimentos e garantias de retorno, ficariam para uma segunda etapa de negociações.

"Dessa forma dá para ganhar tempo já que essa negociação vai demorar e os contratos terão que ser discutidos no Congresso boliviano", resumiu um executivo com acesso aos negociadores.

As conversas estão acontecendo de forma muito cuidadosa e, como trunfo, o governo boliviano conta com a necessidade que a maioria das empresas tem de manter as reservas de gás da Bolívia em seus balanços. "Para algumas, a Bolívia é a possibilidade mais próxima de monetizar reservas de gás, que estão caindo. As reservas na Bolívia são relevantes e seria complicado retirar esses ativos dos livros agora, lembra outra fonte.

"Com tanta pressão, as empresas estão tentando ceder em outras coisas e não abrir mão desse ponto (relativo às reservas) para que fique uma janela", explicou, lembrando que nesse quesito a Petrobras é menos afetada, pois as reservas na Bolívia representam só 3,7% das reservas totais da brasileira.

O que também impressionou alguns observadores é que a YPFB está sendo assessorada por um grande escritório americano, o Curtis, Mallet-Prevost, Colt & Mosle. Esse escritório teria sido um dos que ajudaram a PDVSA a renegociar os contratos com as petroleiras que operam na Venezuela.