Título: PSDB lidera e PMDB tem revés nas capitais
Autor: Klein, Cristian
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2012, Especial, p. A24

Mesmo fora do poder federal pelo décimo ano seguido, o PSDB é o partido mais bem posicionado na corrida municipal de domingo entre as capitais e cidades que têm os maiores colégios eleitorais. De acordo com as últimas pesquisas de opinião do Ibope e do Datafolha, os tucanos estão na primeira ou segunda colocação em 11 das 26 capitais. Dependendo do aproveitamento, o desempenho pode representar mais do que a recomposição do terreno perdido. Em 2008, o PSDB elegeu quatro prefeitos - Curitiba, São Luís, Teresina e Cuiabá -, dos quais apenas um permanece no cargo: João Castelo, na capital maranhense. A legenda também está à frente na disputa pelas cidades com mais de 150 mil eleitores, segundo levantamento obtido pelo Valor e elaborado pelo próprio PT, maior adversário dos tucanos (veja abaixo).

Por outro lado, o PMDB, maior parceiro do PT no governo Dilma Rousseff e liderado pelo vice-presidente da República Michel Temer, deve sair como o maior perdedor, pelo menos nas capitais. Em 2008, os pemedebistas venceram em seis cidades, o maior número, ao lado dos petistas. Agora, está no páreo em seis, mas tem a eleição praticamente garantida em apenas duas: Rio de Janeiro e Boa Vista.

O PSDB, por sua vez, também está em boa posição em várias disputas, o que não significa, porém, que colherá os melhores resultados. Entre as dez maiores cidades, por exemplo, o partido tem chances em São Paulo, com o ex-governador José Serra; em Manaus, com o ex-senador Arthur Virgílio; e em Belém, com o deputado federal Zenaldo Coutinho. Mas, pelo menos nas duas primeiras, terá dificuldades de vitória, em caso de segundo turno. No Recife, o deputado estadual Daniel Coelho pulou para vice, mas está longe de ameaçar o líder.

Enquanto isso, os outros três grandes partidos, PT, PSB e PMDB, encontram um cenário mais otimista neste G-10.

O PSB é favoritíssimo em duas capitais, Belo Horizonte, com o prefeito Marcio Lacerda, e Recife, com Geraldo Júlio, e ainda pode levar uma terceira, Fortaleza, com Roberto Claudio. Os petistas têm boas chances em Salvador, onde lideram com o deputado federal Nelson Pelegrino, e surpreendem em Fortaleza, com a "zebra" Elmano de Freitas. Os pemedebistas caminham sem problemas para manter o Rio de Janeiro e reeleger Eduardo Paes no primeiro turno. No total das 26 capitais, o PT está na primeira ou segunda colocação em nove cidades; o PSB, em oito; e o PMDB, em seis.

O grande problema dos tucanos é o alto grau de incerteza, que também está presente nas restantes capitais com menor eleitorado. Aí, o PSDB aparece entre os dois primeiros lugares em nada menos que 7 das 16 cidades. Mas tem situação bastante confortável em apenas duas: Maceió, com o deputado federal Rui Palmeira, e Vitória, com o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas. Nas demais praças, o ambiente é repleto de insegurança: em Rio Branco e João Pessoa, Tião Bocalom e Cícero Lucena estão atrás dos petistas Marcus Alexandre e Luciano Cartaxo, e nas outras três ocorre um fenômeno curioso.

São os duelos reincidentes entre o PSDB e siglas pequenas e médias: contra o nanico PTC, em São Luís; contra o PV, em Porto Velho (onde está embolado com mais três por uma vaga no segundo turno); e contra o PTB, em Teresina. O padrão se repete no G-10 a ponto de se poder dizer que quanto mais os tucanos perderem maior será a fragmentação destas eleições. Além de PTC, PV e PTB, o partido luta contra o PCdoB, em Manaus, o PSOL, em Belém, e o PRB de Celso Russomanno, na maior e mais cobiçada de todas as capitais: São Paulo. Contando a disputa em Vitória, com o PPS, o PSDB tem 7 de seus 11 confrontos com legendas pequenas.

É um padrão diferente do PT, cujos adversários diretos, em sua maioria, são de grandes partidos: o PSB, em Fortaleza, Belo Horizonte e Cuiabá; o PSDB, em Rio Branco e na disputa ferrenha por uma vaga no segundo turno em São Paulo; estas duas siglas mais o PMDB, no duelo dos quatro grandes em João Pessoa; e o DEM, em Salvador. Além das capitais baiana e cearense, os petistas, fora do G-10, têm boas perspectivas em Goiânia, onde devem reeleger o prefeito Paulo Garcia, e em três cidades onde lideram: João Pessoa, Rio Branco e Cuiabá, com outra surpresa: Lúdio Cabral. O vereador, que partiu de um patamar de menos de 5% das intenções de voto, ultrapassou com a ajuda da máquina estadual o empresário Mauro Mendes, favoritíssimo, que tinha mais de 50%.

Já o PSB tem como marca um duelo particular com o PT: nas oito capitais onde está em primeiro ou segundo lugar, o partido presidido pelo governador de Pernambuco Eduardo Campos rivaliza com petistas em quatro: Cuiabá, João Pessoa, Fortaleza e Belo Horizonte. Sem contar Recife. Ali, o principal adversário no início da campanha era o PT, mas passou a ser o PSDB, com a queda do senador Humberto Costa. O PSB concentra seus melhores resultados nas capitais mineira - onde Lacerda deve se reeleger já no primeiro turno -, cearense e pernambucana. Em Curitiba, o partido terá muita dificuldade para reeleger Luciano Ducci, que está atrás do deputado federal Ratinho Jr. (PSC). Abaixo do G-10, o PSB não tem boas perspectivas.

Se o revés do PSB é Curitiba, o do PMDB é Campo Grande, capital dominada há duas décadas pelo partido, dirigido com mão de ferro pelo governador André Puccinelli. Seu candidato, o deputado federal Edson Giroto, foi ultrapassado pelo deputado estadual Alcides Bernal (PP), radialista e apresentador de TV cujo perfil lembra o de Russomanno, em São Paulo. A característica das cidades onde os pemedebistas estão no páreo é a influência de seu caciquismo regional: além de Campo Grande, há João Pessoa, com o ex-governador José Maranhão; Belém, onde o deputado federal José Priante é representante do grupo do ex-senador Jader Barbalho; e Natal, onde o deputado estadual Hermano Moraes é impulsionado pela família Alves. Em Boa Vista, o ex-governador e senador Romero Jucá apoia sua ex-mulher Teresa Surita. A deputada federal deve conquistar o quarto mandato de prefeita já no primeiro turno, assim como Eduardo Paes, no Rio de Janeiro. As duas capitais são o que o PMDB tem de mais garantido. Assim como os tucanos, os pemedebistas também tem um viés de confrontos com pequenas siglas, nas cidades onde estão bem posicionados: há duas disputas com o PSOL, no Rio e em Belém, e uma com o PRB, em Boa Vista.

O PDT é o quinto partido com mais presença na primeira ou na segunda colocação: em cinco praças. Porém, pode ter um dos melhores aproveitamentos, pois é o favorito em três. Em Porto Alegre, José Fortunati deve se reeleger já no domingo; o ex-prefeito Carlos Eduardo, em Natal, está na dianteira com folga; e em Macapá, apesar de ter sido preso durante o mandato, Roberto Góes lidera.

No balanço dos partidos que estão alinhados ou não ao governo federal, a disputa em quatro capitais é encabeçada, sem empate técnico, por legendas de oposição: em Belém, pelo PSOL; em Maceió e Vitória, pelo PSDB; e em Aracaju, pelo DEM.

As urnas no domingo também revelarão se o PT e o PSB vão manter o ritmo acelerado de crescimento no total de prefeituras governadas, que foi de 36% e 79%, respectivamente, entre 2004 e 2008.