Título: Estatal chinesa produzirá silicone no ABC paulista
Autor: Vieira, André
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2006, Empresas, p. B7

Silenciosamente, os chineses estão ampliando sua presença na indústria química mundial e, por tabela, adquirindo ativos no Brasil.

A BlueStar, subsidiária da ChemChina Group Corporation, concordou ontem em pagar 400 milhões de euros pela divisão de silicone da Rhodia no mundo. Indiretamente, a gigante estatal chinesa vai assumir uma unidade em Santo André (SP), no ABC paulista, no complexo industrial da empresa francesa.

A divisão brasileira de produção de silicone da Rhodia, que emprega 35 pessoas, foi responsável por aproximadamente 2% do faturamento - de cerca de R$ 40 milhões - da companhia no país, que atingiu US$ 935 milhões no ano passado.

Com a aquisição, os chineses vão se transformar no terceiro maior fabricante mundial de silicone utilizado especialmente pela indústria têxtil e da construção civil, como antiespumantes e selantes. Segundo especialistas, a ChemChina ficará atrás apenas da americana Dow Corning e da alemã Wacker.

Apesar de o negócio marcar a presença física dos chineses na produção química no país, uma das empresas ligadas à ChemChina já tinha adquirido, indiretamente, ativos no Brasil ao comprar uma holding belga que detinha participação acima de 5% da Adisseo Brasil, representante comercial de substâncias para ração animal.

Até então, os chineses exportavam ao Brasil produtos como neoprene, fluroresina, branco de titânio, ferrosilício, materiais fotosensíveis, plásticos de engenharia, bário e carbonato de estrôncio.

Controlada pelo governo da República Popular da China, a ChemChina, com sede em Pequim, é a maior indústria química do país, responsável por cerca de US$ 3,75 bilhões em vendas anuais.

A estatal chinesa produz não só matérias-primas e produtos químicos avançados, como também produtos militares, segundo consta em documentos do órgão antitruste brasileiro sobre a transação envolvendo a empresa da China e a Adisseo.

O Valor não conseguiu localizar nenhum representante da empresa chinesa no Brasil. A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) informou desconhecer a existência da companhia no país.

A Rhodia decidiu vender os ativos de silicone como estratégia para reduzir não só a dívida, mas também para concentrar-se em negócios onde é líder ou vice-líder. A empresa química francesa era a sexta maior produtora de silicone no mundo.

Os negócios de silicone movimentaram 417 milhões de euros das vendas da Rhodia em 2005, empregando 1,2 mil funcionários. A maior parte da produção está situada na Europa, em Saint-Fons e Roussillon, na França.

Em 2004, a Rhodia se desfez da divisão de ingredientes alimentícios vendendo-a para a dinamarquesa Danisco e a unidade de fosfato ao fundo de private equity americano Bain. Com isso, as vendas da empresa química caíram para 5 bilhões de euros.