Título: Paulinho dá apoio a Serra no 2º turno
Autor: Cunto , Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2012, Política, p. A10

Derrotado na eleição para prefeito de São Paulo, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT), afirmou ontem que fará campanha por José Serra (PSDB) no segundo turno. O pedetista diz que fará a aliança com o objetivo de derrotar o PT e que não pediu cargos em troca do apoio. "Até porque, a minha quantidade de votos, não dá para negociar nada", afirma, em tom de ironia, o candidato. O evento para oficializar a adesão será amanhã. Outro apoio que o tucano deve receber é do PPS, cujos dirigentes, vereadores eleitos e a candidata Soninha Francine se reuniram ontem à noite para alinhavar a adesão. Juntos, Paulinho e Soninha não ultrapassaram 4% dos votos.

Paulinho diz que optou pelo tucano porque a presidente Dilma Rousseff "não olha para os trabalhadores". "Ela prometeu várias coisas, mas não fez nada. Não acabou com fator previdenciário, não deu aumento para os aposentados, não fez esforço para reduzir a jornada de trabalho", listou. "Chegamos à conclusão de que, quanto mais poder o PT tiver, pior vai ficar."

Na cidade, Paulinho teve 123 mil votos para deputado em 2010 e chegou a 5% das intenções de voto nas pesquisas deste ano, mas sumiu com o crescimento de Celso Russomanno (PRB) e Fernando Haddad (PT). Terminou com 38,7 mil votos, 0,63% do total, o que lhe deixou em sétimo lugar. Mesmo assim, o deputado diz que roubará votos de Haddad na periferia. "Teremos um evento grande na quinta-feira, com muitos sindicalistas e trabalhadores. Acho que dá para tirar alguns votos", diz o deputado, que preside a Força Sindical, segunda maior central do país.

Serra já tem o apoio da União Geral dos Trabalhadores (UGT), terceira maior central e que é ligada ao prefeito Gilberto Kassab. A adesão de Paulinho iniciou um princípio de crise entre as centrais - a UGT teme ficar relegada porque o pedetista "faz mais barulho".

O tucano também conta, desde o primeiro turno, com apoio de parte da Força Sindical, que se reaproximou do PSDB em 2011 com a filiação de diversos sindicalistas ao partido, em movimento liderado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Antonio de Souza Ramalho, que é secretário do núcleo sindical do PSDB.

Outra parte da Força está na campanha de Haddad, entre eles o secretário-geral, João Carlos Gonçalves, o Juruna, e o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Batista Inocentini. Esse assédio do PT à sua base sindical, enquanto ainda era candidato, também desagradou o pedetista. Ao rejeitar o apoio a Haddad, porém, Paulinho diz que quer fazer a presidente refletir. "Se ela perder São Paulo, uma cidade importante para 2014, vai com certeza pensar melhor", avalia.

A briga com o governo federal o fez até se reaproximar de Serra, com quem vive relação de altos e baixos desde 2002, quando o tucano era candidato à Presidência e Paulinho era vice na chapa de Ciro Gomes (na época no PPS). Durante a eleição, surgiram de denúncias de desvio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) pela Força Sindical, acusações que o pedetista atribuiu a Serra.

Dois anos depois, disputaram a eleição para a Prefeitura de São Paulo e Paulinho apoiou o tucano, que venceu, em troca da Secretaria de Trabalho. Em 2010, nova briga: o deputado ficou do lado de Dilma e chegou a dizer que pediria licença da central para "poder bater mais" no tucano. Refizeram as pazes no ano seguinte, com a aproximação entre PSDB e Força Sindical e as brigas do PDT com o governo federal.