Título: Pauta para 2007 é política, diz Nakano
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Brasil, p. A3

Alvo involuntário de uma das polêmicas econômicas da disputa presidencial - o corte dos gastos públicos - o diretor da escola de Economia da FGV, Yoshiaki Nakano, mudou o tom de suas últimas intervenções em debates públicos. Em vez de apresentar seu programa para devolver ao país a capacidade de crescer, Nakano manifestou seu desapontamento com a oportunidade perdida pelo país. "Este era um momento para a reflexão, mas as grandes questões não foram debatidas", disse ele, na abertura do seminário organizado pela FGV e pelo Valor sobre as perspectivas para 2007. Para Nakano, "a pauta de 2007 é política".

Ele traduz a situação atual como de "grande perplexidade". A economia brasileira tem um enorme potencial, mas o país está sem rumo e isso afasta os investidores. "Para que o país tenha rumo, é preciso alguém capaz de formular uma política que concilie interesses. No começo, uns vão perder, outros vão ganhar, mas depois todos ganham", observou. O grande problema, insistiu, é que o Estado brasileiro adquiriu uma dimensão grande demais e "quem comanda o país tem hoje 60% do Produto Interno Bruto (PIB) nas mãos".

Esse controle, seguiu Nakano, torna difícil que quem esteja no comando não seja reeleito. Ele disse que foi favorável à tese da reeleição, mas hoje está convencido de que ela é um erro. Ele lamentou que falte ao ambiente lideranças capazes de fazer uma reforma política. Por tudo isso, resumiu, o cidadão acha que a fonte de poder é o Estado e esquece que é ele quem tem o poder, de fato. (DN e SL)