Título: Ritmo de desmatamento diminui
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Brasil, p. A3

O desmatamento da Amazônia vai diminuir se confirmadas as atuais projeções divulgadas ontem pelo governo: ritmo 30% menor em 2006 em relação a 2005. De acordo com estudo divulgado ontem pelo Grupo Permanente de Trabalho Interministerial que analisa o assunto, foi derrubada, no período de 2005/2006, uma área equivalente a 13,1 mil quilômetros quadrados - a segunda menor desde 1988, quando o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE) criou a nova metodologia para aferir o desmatamento.

A redução será, de acordo com as projeções, mais consistente nos Estados de Mato Grosso, Rondônia, Pará e Amazonas e representa um resultado 52% melhor em relação ao biênio 2003/2004. O Ministério do Meio Ambiente, segundo o estudo oficial, apreendeu cerca de 814 mil metros cúbicos de madeiras em toras, 47 tratores, 171 caminhões e 643 motosserras usadas nos desmatamentos ilegais.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou ainda as ações conjuntas realizadas pelo Ibama e pela Polícia Federal, que culminaram com a prisão de 379 pessoas - 71 servidores do Ibama, 19 servidores de outras áreas do setor público e 289 madeireiros e lobistas. "O governo não vai baixar a guarda na proteção da Amazônia. Desde o início de nossa gestão, preservamos 22,910 mil quilômetros quadrados, salvando da extinção 1 bilhão de árvores, 40 milhões de aves e um milhão de primatas", ressaltou a ministra.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os países desenvolvidos têm pouco a ensinar ao Brasil sobre preservação ambiental, "porque eles só foram descobrir que era necessário cuidar quando desmataram praticamente todo o seu território". Lula afirmou, dias depois de divulgado que o governo pretende terceirizar áreas da Amazônia, que a floresta é brasileira. "Quem quiser conhecer a Amazônia precisa pedir licença para o Brasil, quem quiser explorar tem que pedir licença para o Brasil porque nós não abrimos mão do controle soberano dessa reserva florestal extraordinária".

A WWF Brasil, ONG da área ambiental, reconheceu que os números divulgados ontem representam um avanço, mas são fruto de medidas pontuais, como a desvalorização cambial e a queda nos preços da soja e da carne no mercado internacional. "Não podemos continuar reféns de conjunturas e ações pontuais. Temos que fortalecer o plano de combate ao desmatamento", afirmou a secretária-geral da WWF Brasil, Denise Hamú.