Título: Navio garante entrega de produtos em regiões distantes
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Brasil, p. A4

Um empresário brasileiro consegue hoje enviar produtos para qualquer lugar do mundo. Se quiser exportar regularmente para um mercado considerado "exótico", vai pagar frete mais caro, mas não faltará navio. Para o Oriente Médio, a saída de navios é freqüente. O frete custa cerca de 30% mais do que para os Estados Unidos, mas a rota é mais longa, explica Arsênio Nóbrega, sócio da Mercoshipping Marítima Consultoria. "É claro que quanto mais escala, mais barato ficará", diz.

Para a Europa Central e as antigas repúblicas soviéticas, a mercadoria segue primeiro até os portos de Antuérpia ou Roterdã, rota normal das vendas para a Europa. De lá, o produto vai de trem para o destino final, ou em navios menores até São Petersburgo, na Rússia. O frete é todo contratado no Brasil. "Funciona como se fosse um serviço direto", explica Nóbrega.

É cada vez maior o número de operadoras logísticas que oferecem transporte ao Extremo Oriente. A demanda é alimentada pelo apetite chinês por produtos brasileiros, mas também por outros países, como Coréia do Sul ou Japão. Essa rota ainda atende à África do Sul, mercado em expansão e parada obrigatória nessa viagem.

Para os demais países da África, o transporte é precário. Apesar da proximidade geográfica, essa é a região do mundo pior atendida por navios diretamente do Brasil, seja pela escassez de volumes embarcados, seja pela falta de segurança em portos africanos.

Ainda assim é possível encontrar operadoras logísticas que levem o produto direto para a África. A Lachmann é uma delas. Além da África do Sul, a operadora oferece serviço direto para Angola. Antes trabalhava com vendas para a Nigéria, mas interrompeu a rota por falta de produto. De acordo com Margareth Pires de Mello, analista comercial da Global, braço de transporte marítimo da Lachmann, as saídas para Angola ocorrem a cada 15 dias. Para conseguir vaga, o exportador deve se programar com pelo menos um mês.

"O mercado está cada vez mais aquecido para Angola", diz Margareth. Com o país saindo de uma guerra civil, a reconstrução está a todo vapor e muitas obras são comandadas por construtoras brasileiras. Por isso, os contêineres seguem cheios de material de construção, tratores, máquinas, vestuário, alimentos. Para embarcar um contêiner de 20 pés (tamanho usual) para Angola, o exportador pagará US$ 2,3 mil de frete - o dobro do que é gasto para uma viagem de mesma distância para os Estados Unidos. (RL)