Título: Para exportadores, Dubai é uma nova Hong Kong
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Brasil, p. A4

Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos, se transformou na meca dos exportadores de todo o mundo. A cidade possui hoje o maior centro de distribuição de produtos chineses fora da China. O interesse não é menor no Brasil. "Esse país está virando a nova Hong Kong da Ásia", diz Luiz Carlos Calil, diretor de suprimentos da Caterpillar.

A filial brasileira está exportando tratores de grande porte para os Emirados Árabes Unidos com a ajuda de um revendedor. O país já representa entre 3% e 4% das vendas da Caterpillar para o exterior, que chegam a US$ 1 bilhão. Calil está empolgado com o novo mercado. "Dubai está em plena construção e se prepara para receber muitos turistas."

Situados entre Omã e Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos têm clima desértico e a área agricultável representa menos de 1% do território. Graças à abertura da economia, ao superávit comercial expressivo e, obviamente, ao petróleo, que responde por 30% do Produto Interno Bruto (PIB), o país se transformou de uma região de pequenos principados empobrecidos em um Estado moderno com boa qualidade de vida.

As exportações do Brasil para os Emirados Árabes Unidos chegaram a US$ 667 milhões de janeiro a setembro, alta de 20% em relação a igual período do ano anterior. Em 1999, foram US$ 160 milhões.

Com o dinheiro do petróleo na carteira, os clientes dos Emirados Árabes Unidos são exigentes. Calil conta que a maior dificuldade é o tempo. "O cliente precisa do produto na hora em que coloca o pedido", diz. No caso dos tratores, entrega "imediata" significa algo entre quatro e seis semanas.

A filial brasileira da Caterpillar exporta para 120 países e obtém 80% do faturamento no exterior. O foco é atender à América Latina, que absorve metade dos volumes de exportação. Isso não impede a empresa de tentar a sorte em outros mercados. A fábrica do Brasil funciona como fonte alternativa de suprimento para os EUA, que respondem por 20% das exportações. Outros mercados importantes são Oriente Médio e África.

Segundo Calil, o segredo para diversificar as exportações é trazer para a fábrica do Brasil todos os produtos de última geração, mesmo que ainda não exista demanda no país. Calil reclama que o câmbio chegou num patamar "crítico". "Estamos reduzindo fortemente custos para compensar as perdas", diz. (RL)