Título: Requião mantém vantagem apertada em disputa no PR
Autor: Lima, Marli
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Política, p. A6

Se os resultados das últimas pesquisas forem confirmados nas urnas no domingo, o governador licenciado do Paraná e candidato à reeleição, Roberto Requião (PMDB), poderá conquistar seu terceiro mandato à frente do Estado. Levantamento feito pelo Ibope-RPC e divulgado ontem à noite mostra que ele está com 50% das intenções de voto. Seu adversário, o senador Osmar Dias (PDT), está com 44%.

Se forem considerados apenas os votos válidos, como é feita a contagem no dia das eleições, Requião tem 53% e Dias, 47%. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais.

É a segunda pesquisa divulgada na semana com resultado favorável a Requião. Na terça-feira, o Datafolha já havia mostrado que o peemedebista conseguiu na reta final distanciar-se do pedetista. O governador licenciado começou com 45%, subiu para 49% e depois para 50%. Nas três sondagens do instituto de pesquisas, Osmar Dias apresentou 45% das intenções de voto.

Requião é advogado e jornalista e já foi governador do Paraná de 1991 a 1994. Para conseguir o segundo mandato, teve de virar o jogo e derrotar no segundo turno em 2002 o senador Álvaro Dias (PSDB). O antigo adversário é irmão do atual, o também senador Osmar Dias, que é engenheiro agrônomo e agropecuarista. Requião esperava vencer no primeiro turno, mas conseguiu 42,8% dos votos, contra 38,6% de Osmar.

Logo que ficou definido que a batalha teria continuidade, o segundo colocado apressou-se em declarar apoios e buscar aliados. Anunciou que estava do lado do candidato tucano à presidência, Geraldo Alckmin (PSDB). Em troca, conquistou como cabo eleitoral o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), que chegou a licenciar-se do cargo para participar da campanha. Em seguida começaram as acusações entre o prefeito e o governador licenciado.

De um lado, Requião dizia que havia feito muito por Curitiba. De outro, Richa afirmava que ele estava querendo se promover em cima de realizações de outros. Requião chegou a ser proibido de usar no horário eleitoral gratuito imagens em que ele e o prefeito Beto apareciam juntos em solenidades que envolviam o governo estadual e a prefeitura.

Enquanto peemedebistas e petistas trabalhavam para formar uma aliança entre os dois partidos para apoio à reeleição do presidente Lula e de Requião, começaram as denúncias sobre o passado dos candidatos. A coligação de Requião trouxe à tona dez ações judiciais contra o candidato a vice de Osmar, Derli Donin, que foi prefeito de Toledo, Oeste do Estado. Na outra ponta, voltaram a ser notícia as 141 ações judiciais contra Requião.

A duas semanas das eleições, PT e PMDB formalizaram um acordo de apoio mútuo, mas sem declarações dos candidatos. Isso só aconteceu no sábado passado, quando o presidente Lula fez comício em Curitiba e pediu votos para Requião. No dia seguinte, no horário eleitoral, Requião fez o mesmo. Nas eleições de 2002, Lula e Requião estiveram juntos, mas depois o governador passou a criticar a administração do presidente e a relação entre os dois mudou.

Osmar Dias também contou com a declaração de apoio de políticos influentes no país. Geraldo Alckmin foi com ele visitar Maringá, no noroeste do Estado. O governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), esteve em Curitiba duas vezes. O ex-candidato à Presidência Cristovam Buarque (PDT) também esteve na capital paranaense para pedir votos ao colega de partido.

A expectativa agora está nos efeitos do debate entre os dois candidatos, que seria realizado na noite de ontem. No primeiro confronto, no dia 10, na TV Bandeirantes, o que chamou a atenção foi a revelação que Osmar Dias fez, de que antes de começar a disputa Requião teria ido até sua casa para convidá-lo para ser coordenador da campanha de reeleição e seu provável candidato ao governo em 2010. Os dois já trabalharam juntos. Osmar Dias foi secretário da Agricultura na primeira gestão de Requião no governo do Paraná.