Título: Planalto tenta levar Maguito à vitória
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Política, p. A7

A derrota no primeiro turno e as pesquisas amplamente desfavoráveis ao senador Maguito Vilela (PMDB) na disputa pelo governo levaram o Palácio do Planalto a agir em Goiás. Nas últimas duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice José Alencar e três ministros estiveram em alguma região do Estado para subir no palanque de Maguito e tentar colar sua imagem à do presidente Lula, para reduzir a vantagem do governador Alcides Rodrigues (PP), candidato à reeleição, apoiado pelo PSDB. Ontem foi a vez da primeira-dama, Marisa Letícia Lula da Silva, e do ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz participarem de uma caminhada em Goiânia.

"Vim para mostrar ao povo de Goiás que a vitória de Maguito junto com a vitória de Lula seria boa para o Brasil e para o Estado", declarou a primeira-dama. Ela participou de uma caminhada na avenida Anhangüera, uma das mais movimentadas da capital goiana. A estratégia de colar a imagem de Lula a Maguito só foi possível no segundo turno. No primeiro, o PT apoiava a candidatura do deputado federal Barbosa Neto (PSB) ao Palácio das Esmeraldas.

Sem o apoio formal da sigla do presidente, a imagem de Lula não poderia ser usada em materiais de campanha ou nas campanhas de televisão e rádio. Com a derrota de Barbosa, o PT aderiu à campanha de Maguito e toda uma nova linha de adesivos, camisetas e banners foram fabricados com a imagem de Lula. O slogan da campanha mudou. Agora, os militantes gritam "Lula lá e Maguito cá para Goiás avançar".

A ligação da imagem do candidato a Lula também tornou-se mais favorável com a recuperação do presidente no Estado. No primeiro turno, Geraldo Alckmin (PSDB) teve 51,5% dos votos válidos em Goiás contra apenas 40,1% de Lula. A última pesquisa de intenções de voto feita entre os dias 18 e 20 de outubro pelo Ibope mostra uma virada: o petista com 51% dos votos válidos contra 49% do tucano.

Pemedebistas locais já apontam como maior erro de uma eventual derrota a não coligação formal com o PT desde o início da campanha. Maguito, que chegou a ter 63% das intenções de voto no início da campanha, ficou órfão de candidato a presidente. Tinha um apoio constrangido de Lula e mais nada. O prefeito de Goiânia, Íris Rezende, apoiou a aliança desde o início e foi derrotado. Deverá sair fortalecido da atual eleição. "Não é hora de apontar equívocos. Tenho convicção na virada de Maguito", disse, ontem, ao Valor.

Embora Lula tenha crescido enormemente no Estado, o pemedebista conseguiu tirou pouca vantagem do seu adversário. A diferença chegou a ser de 23% entre os dois e, na pesquisa Ibope, ficou em 12%. O governador aparece com 53% contra 41% de Maguito nos votos totais.

"As pesquisas mostram

que Lula cresceu um pouco mas meu adversário estacionou", analisa Alcides Rodrigues, que tem o apoio de Marconi Perillo (PSDB), governador por oito anos, eleito senador com 75,8% dos votos válidos.

O candidato do PP só subiu nas pesquisas depois de ter colado sua imagem à de Marconi. A estratégia de Alcides é relembrar a privatização da usina Cachoeira Dourada, realizada quando Maguito era governador. O tema colocou fogo na campanha e o pemedebista passou todo o tempo na defensiva.

Em relação ao presidente Lula, Alcides evita fazer qualquer crítica ao petista, apesar de manter toda a sua campanha ligada a Geraldo Alckmin. "Eu sou governador e ele presidente. Temos uma relação institucional para o bem do Estado. Ele tem a ideologia dele e eu tenho a minha", disse ontem o candidato, em entrevista à uma rede de 81 rádios de Goiás.