Título: Lula buscará neutralizar danos do mensalão na disputa paulistana
Autor: Laguna , Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2012, Política, p. A17

Após votar em São Bernardo, o ex-presidente Lula reafirmou que julgamento do mensalão não influenciou as eleições

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ontem que não acredita na influência do julgamento do mensalão nos resultados das eleições municipais. "O povo sabe a diferença das coisas. O povo sabe o que é o julgamento e o que é a votação", afirmou a jornalistas após votar no colégio João Firmino Correia de Araújo, em São Bernardo do Campo.

O ex-presidente também voltou a usar metáforas futebolísticas para tentar dissociar o mensalão da corrida eleitoral. "As pessoas não querem saber se tem mensalão, se a pessoa é corintiana, ou santista, ou palmeirense". Na verdade, disse, o eleitor quer escolher um prefeito para cuidar de sua cidade.

Lula aproveitou a entrevista pós-voto, que durou cerca de oito minutos, para apoiar a candidatura do petista Fernando Haddad na disputa pela prefeitura da capital de São Paulo. Ele adiantou que o PT trabalharia para construir uma coalizão partidária para a disputa do segundo turno paulistano caso o candidato avançasse na corrida.

"É preciso cuidar de São Paulo de forma mais carinhosa, pensar no centro e na periferia ao mesmo tempo. Acho que o Fernando se preparou para isso", afirmou Lula. Naquele momento, ele não afastava sequer a possibilidade de que o candidato tucano José Serra fosse procurado caso ficasse fora do segundo turno - o que não ocorreu.

O ex-presidente também fez comentários sobre eleições em outras cidades do país e negou um desgaste com o PSB em Recife, onde o partido do governador pernambucano Eduardo Campos disputou - e ganhou, com o administrador Geraldo Julio Melo Filho - a prefeitura com o PT, embora seja da base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff.

"Respeito [o fato de o PSB ter escolhido o caminho da candidatura própria], porque foi assim que o PT se consolidou", disse Lula depois de afirmar que algumas pessoas tentaram transformar uma divergência em Recife em uma disputa nacional. "Estou convencido de que o PSB é aliado do PT, assim como o PT é um aliado do PSB e vamos estar juntos nos grandes projetos nacionais".

Com relação às disputas na região do ABC Paulista, onde despontou no movimento sindical, o ex-presidente comentou que o PT até poderia perder em algumas cidades, mas, de forma geral, o desempenho do partido seria positivo (ver matéria abaixo).