Título: Ibope, CNT/Sensus e Vox Populi prevêem reeleição de Lula
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Política, p. A9

A pesquisa Ibope/Rede Globo divulgada na noite de ontem, no "Jornal Nacional", confirmou a consolidação do quadro eleitoral, a três dias do segundo turno, indicando uma vantagem de 23 pontos percentuais do presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Geraldo Alckmin (PSDB). A sondagem mostrou que Lula passou de 57% para 58% das intenções totais de voto, enquanto Alckmin oscilou de 36% para 35%. Os votos em branco e nulos somaram 3% e os indecisos, 4%. Considerando-se os votos válidos - que excluem os brancos, nulos e indecisos --, o presidente manteve os 62% registrados na semana passada, e o tucano continuou com 38%.

O Ibope também perguntou se os eleitores podem alterar seu voto até domingo. Apenas 12% disseram que ainda podem mudar de posição, enquanto 86% responderam que sua escolha é definitiva. Não souberam ou não quiseram responder 2% dos entrevistados.

O levantamento foi realizado terça e quarta-feira, quando o Ibope ouviu 3.010 eleitores em 202 municípios do país. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.

A mesma tendência é mostrada em outras duas pesquisas. A CNT/Sensus, também divulgada ontem, mostra Lula como candidato favorito dos eleitores em praticamente todas as categorias (por região do país, zona residencial, sexo, faixa etária, escolaridade e renda familiar), só perdendo para o candidato Alckmin entre os pesquisados com ensino superior completo e renda familiar mensal acima de dez salários mínimos.

Na avaliação do diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes, nem o surgimento de um fato novo poderia ameaçar a reeleição de Lula no domingo. "Essa é uma eleição definida", afirmou, com base nos dados apurados. A pesquisa, realizada entre os dias 23 e 25 de outubro com 2 mil pessoas em 24 Estados das cinco regiões brasileiras, registra consolidação da vitória de Lula, com 57,5% das intenções de voto quando é apresentada a lista de candidatos ao eleitor (estimulada), e Alckmin com 33,5%. A diferença entre os dois é de 24 pontos percentuais.

Considerando apenas os votos válidos - sem brancos, nulos e indecisos -, Lula tem 63, 2% e Alckmin, 36,8%, levando a diferença para 26 pontos percentuais. Apenas 5,9% dos eleitores pesquisados dizem ainda estar indecisos. Guedes nega que as pesquisas tenham errado no primeiro turno, embora tenham apontado vitória do presidente em 1 de outubro. Para ele, houve um "acidente de percurso", que foi a combinação entre dois fatores: a ausência do presidente em debates com os presidenciáveis e a imagem do dinheiro apreendido com pessoas ligadas ao PT, que seria usado para comprar um dossiê contra tucanos.

"A ausência de Lula foi interpretada como presunção de culpa", disse. Segundo ele, o presidente se recuperou no segundo turno e a diferença entre os dois candidatos mostra crescimento. Portanto, não haveria riscos de uma reviravolta. O fator determinante para a provável vitória do presidente, de acordo com Guedes, é a melhoria das condições de vida da população. "Como é uma eleição plebiscitária, se o eleitor acha que sua vida melhorou, o governo está respaldado. Se acha que piorou, a oposição ganha", disse.

Lula vence Alckmin em todas as regiões do país, empatando no Sul (45,5% para o tucano e 45,2% para o petista), na qual o tucano havia aberto boa vantagem em pesquisas anteriores. O Nordeste se mantém a região onde Lula obtém a maior diferença do adversário: 74,8% a 18,6%. No país todo, entre os eleitores com ensino superior completo, Alckmin tem a preferência de 53,2% dos entrevistados e Lula, de 35,8%.

Na faixa dos que ganham de 10 a 20 salários mínimos, Alckmin ganha de 47,9% a 42,9%. Entre os que ganham mais de 20 salários mínimos, a diferença cresce: o tucano tem a preferência de 65,7% e o petista, de 31,4%.

Para o pesquisador, a questão ética "influiu na eleição, mas não foi decisiva". O que pesou no voto do eleitor foi, de fato, a melhoria na qualidade de vida proporcionada pelos benefícios econômicos. Segundo Guedes, grupos de discussão realizados pelo Instituto Sensus, em Minas Gerais, mostram que a "forma aguerrida" apresentada por Alckmin nos debates é interpretada pelo eleitor como "infundada". As dúvidas levantadas por Lula e o PT em relação às privatizações também foram significativas, disse o diretor do Sensus, a partir das discussões dos grupos. Essas avaliações não foram divulgadas pelo instituto.

Um dado curioso é o crescimento dos índices de rejeição dos dois candidatos. Segundo Guedes, esse é um fenômeno comum no segundo turno. Na pesquisa divulgada ontem, o percentual de eleitores que dizem não votar em Lula é de 33,6% (era 27,3% na última pesquisa CNT/Sensus do primeiro turno) e em Alckmin, 45,0% (era 41,0%). De acordo com Guedes, o candidato com índice de rejeição de 40% ou mais "está fora do jogo".

A outra pesquisa divulgada ontem foi a do Instituto Vox Populi/Carta Capital. De acordo com o levantamento, Lula tem uma vantagem de 22 pontos percentuais em votos válidos sobre o tucano. Lula tem 61% dos votos válidos, enquanto o tucano aparece com 39%, mesmos percentuais averiguados no levantamento anterior. Ainda segundo o instituto, a taxa de intenção de voto do petista é de 57%, contra 37% de Alckmin. Votos em branco e nulos somam 3%, mesmo percentual de indecisos.

O Vox Populi realizou 2 mil entrevistas entre segunda e terça-feira, em 121 municípios do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.