Título: Lucro da Telemar cai 10,4% no 3º trimestre
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Empresas, p. B3
O lucro líquido do grupo Telemar, que está em processo de reestruturação para tentar pulverizar seu capital, foi de R$ 269,6 milhões no terceiro trimestre deste ano, 10,4% menor do que o ganho de R$ 301 milhões registrado em igual período do ano passado.
A receita líquida cresceu 1,8%, para R$ 4,31 bilhões. Os segmentos de celular e internet compensaram a queda de 4,4% no faturamento de de telefonia local, que responde por quase metade das vendas da companhia.
O número de linhas fixas em serviço caiu 3,1% sobre o ano passado, para 14,4 milhões. Já o número de assinantes de telefonia móvel avançou 40,8%, para 12,6 milhões, enquanto os clientes de banda larga chegaram a um milhão, com crescimento de 43,1%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (lajida) recuou para R$ 1,55 bilhão se comparado ao R$ 1,74 bilhão registrado no terceiro trimestre do ano passado. A margem recuou caiu 5,3 pontos percentuais, para 36% da receita.
No período acumulado entre janeiro e setembro, a receita do grupo ficou praticamente estável na comparação com o mesmo período de 2005. O montante cresceu 1%, para R$ 12,42 bilhões. Já os custos e despesas operacionais da companhia subiram 8%.
O diretor financeiro da Telemar, José Luís Salazar, afirmou que o resultado da operadora foi influenciado negativamente pela redução das tarifas de interconexão da telefonia fixa e por custos regulatórios (pagamento da concessão) que começaram a vigorar no início deste ano. Segundo ele, o impacto anualizado desses dois itens é de R$ 560 milhões.
Outra mudança regulatória - a implantação do "bill & keep" pleno - pesou negativamente nos números da Oi, a operadora de celular do grupo. A regra, que entrou em vigor integralmente neste trimestre, obriga as empresas de telefonia móvel a registrar o total de receitas e custos de interconexão em seus balanços.
A Telemar convocou assembléia de acionistas para o dia 13 de novembro para que eles apreciem a proposta do conselho de pulverizar o capital e ingressar no Novo Mercado. A proposta inclui a unificação das três atuais empresas que formam o grupo em apenas uma, a Telemar Participações, que teria seu nome alterado para Oi Participações.
Pelo menos duas gestoras de recursos já se manifestaram contrárias ao processo e, anteontem, a consultora americana Institutional Shareholder Services divulgou relatório em que também recomenda o voto contrário.
Salazar afirmou que a companhia tem visitado muitos investidores - já fez contato com mais de 80% deles - e recebido um grande volume de relatórios sobre o processo de reestruturação societária. Porém, o executivo disse acreditar que "as reais intenções de voto só vão aparecer no último minuto".
Alguns investidores estrangeiros questionam a diluição da participação dos minoritários detentores de preferenciais na relação de troca oferecida pelos controladores. Segundo Salazar, mudar a relação de troca "é uma decisão do controlador" e não da diretoria. Caso a proposta de reestruturação não seja aprovada no dia 13, "tudo continua como está", disse ele em teleconferência com jornalistas.