Título: Droga combate câncer avançado de próstata
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2006, Empresas, p. B6

Estima-se que morrerão 47,2 mil brasileiros de câncer de próstata até o fim deste ano, a segunda causa de morte mais comum depois do câncer de pulmão, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

No entanto, uma grande parcela dos pacientes só descobre a doença depois de o tumor ter avançado - o que pode ser tarde demais. Para esse tipo de paciente, a Zodiac está reforçando sua linha oncológica com um novo tratamento.

A droga, conhecida como Eligard, age para reduzir a produção do hormônio masculino testosterona, retardando o crescimento do tumor, segundo o laboratório, que obteve a licença para o lançamento do medicamento para a América Latina. Nos Estados Unidos, onde é fabricado, o Eligard é vendido pela farmacêutica francesa Sanofi-Aventis. Em 2005, as vendas da droga chegaram a US$ 88 milhões no mercado americano.

"A expectativa de vendas é da ordem de R$ 1,7 milhão em 2007", disse o gerente-geral da Zodiac, Bruno Chassot. O laboratório calcula que este mercado, de bloqueadores hormônais, movimente cerca de R$ 40 milhões por ano. "Queremos uma parcela disso", afirmou Chassot.

A Zodiac, que faz parte do grupo Tecnofarma, da Argentina, projeta lançar três medicamentos por ano, seja produzindo localmente na fábrica de Pindamonhangaba (SP) ou licenciando drogas de outros fabricantes.

A farmacêutica tem uma posição chave no mercado oncológico entre as dez maiores, mas faz parte da estratégia de elevar sua participação no segmento de medicamentos vendidos sob prescrição para crescer no ranking geral. A meta é avançar quase 20 posições para ficar entre as 50 maiores laboratórios farmacêuticos do país em 2007.

Meses atrás, a empresa adquiriu duas marcas da Pfizer, o analgésico para tratamento de infecção urinária Pyridium e o Synarel, para fertilização em vitro. A previsão é que o grupo atinja US$ 270 milhões em vendas no continente em 2006, dos quais o Brasil representa aproximadamente R$ 100 milhões.

Injetado subcutaneamente na região da barriga, o Eligard libera a substância lentamente no organismo do paciente. "Uma das vantagens é o fato de a droga ser aplicada [por meio de seringa] apenas uma vez por mês", diz o responsável pela unidade de oncologia do laboratório, Josafá Henrique Silva.

Um estudo com 128 pacientes mostrou que dez dias depois do uso da droga o nível testosterona foi reduzido e estabilizado. E constatou melhoras em um e seis meses. Apenas 4% dos pacientes reclamaram da dor na aplicação da injeção. A intenção do laboratório é trazer novas apresentações da droga, mais fortes, que ampliam o prazo para aplicação do medicamento. (AV)