Título: Fruet passa Ducci em Curitiba e disputará 2º turno com Ratinho Junior
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2012, Política, p. A23

O segundo turno das eleições em Curitiba (PR) será disputado pelos candidatos Ratinho Junior (PSC), que obteve 34% dos votos, e Gustavo Fruet (PDT), que ficou com 27,2%. Com 26,7% e uma diferença de apenas 4,4 mil votos do segundo colocado, o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB) não conseguiu a permanência no cargo pelos próximos quatro anos.

Foi uma das disputas mais apertadas da história da capital paranaense. O resultado das urnas mostra que o eleitor curitibano quer mudança e votou de modo bem diferente de 2008, quando o então candidato Beto Richa (PSDB) foi reeleito com 77% dos votos. O tucano foi escolhido para o governo em 2010 e não conseguiu transferir todos os votos que queria para Ducci, com quem contava para as eleições de 2014.

O nome de Ratinho Junior, que conseguiu 332.408 votos, já era esperado para o segundo turno. O deputado federal, que tem apenas 31 anos de idade, chegou a ser cotado para ser vice tanto de Ducci como de Fruet e decidiu enfrentar o pleito mesmo sendo de um partido pequeno como o PSC. Ele é filho do apresentador de televisão Carlos Roberto Massa, o Ratinho.

Fruet, de 49 anos, que já havia saído do PMDB para tentar concorrer à prefeitura, teve de se desligar do PSDB, porque Richa optou por Ducci. Já no PDT, conquistou o apoio do PT, o que lhe rendeu ataques, porque havia sido um dos maiores críticos do mensalão. Durante a campanha, apareceu tecnicamente empatado com Ratinho e com Ducci, mas depois passou a ficar em terceiro lugar, inclusive na pesquisa de boca de urna do Ibope. De virada, obteve 265.451 votos e participará do segundo turno.

Pouco antes do fim da apuração, o governador Richa manifestou-se pelo Twitter. "A grande lição da democracia é respeitar o resultado das urnas", comentou. Ducci emitiu nota sobre a derrota. "Lamento que os ataques contínuos às conquistas de Curitiba tenham afetado minha candidatura. Tenho orgulho da cidade onde moro com minha família e dos grandes avanços dos últimos anos", disse ele, que recebeu apoio de 15 partidos.

Ex-prefeito de Curitiba, o candidato Rafael Greca (PMDB) ficou com 10,45% dos votos, percentual que era mostrado nos levantamentos de intenção de votos. Mesmo perdendo, declarou estar feliz por ter ajudado a derrotar Ducci e comentou que os postos de saúde da cidade, que tinham falta de médico, vão ganhar mais um, numa referência à profissão de Ducci, que é pediatra. Também pelo Twitter o ex-governador Roberto Requião (PMDB) deu sua opinião. "Creditem a queda do Ducci às criticas duras de Greca", escreveu.

Outros três candidatos concorreram à vaga. Bruno Meirinho (PSOL) obteve 0,91%, Alzimara Bacellar (PPL) teve 0,46% e Avanilson Araújo (PSTU) registrou 0,1%. Votos em branco somaram 3,28%, nulos foram 5,27% e, os ausentes, 9,09%.

Nos locais de votação, os quatro principais candidatos afirmaram que iriam para o segundo turno. Ratinho Junior, que chegou à Escola Municipal Vinhedos acompanhado da esposa, grávida de oito meses, e das duas filhas, foi questionado sobre quem preferia enfrentar na próxima fase da campanha. "Adversário não se escolhe, se enfrenta", respondeu. Cerca de cinco quilos mais magro, devido à maratona por busca de votos das últimas semanas, comentou que fez "uma campanha limpa" e que "venceu preconceitos". "Não fizemos panfletos denegrindo a imagem de ninguém", comentou, sobre tabloides que circularam na cidade falando mal dele. "Conseguimos enfrentar com muita coragem grupos poderosos", completou. Ele não quis comentar sobre a estratégia que pretende adotar agora e sobre novos apoios. "Vou esperar apoio de pessoas do bem."

Ducci estava confiante. "Não tenho nenhuma expectativa de não ir para o segundo turno", disse. O governador Richa, que estava com ele, foi questionado sobre o desempenho abaixo do esperado do candidato e comentou não ter "receita do sucesso". O tucano admitiu que a liderança de Ratinho "surpreendeu".

Fruet criticou mais uma vez os resultados das pesquisas eleitorais. "Em toda eleição passamos pelo mesmo processo de questionamento", disse, acompanhado dos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações), do PT, que o apoiaram. Ele comentou que os dois debates realizados na última semana, nas tevês Record e Globo, o ajudaram a conquistar eleitores.

Gleisi falou que a campanha na capital paranaense foi dura, de "desconstrução da pessoa do Gustavo" e que "incitou o ódio político". "Espero que isso não se repita no segundo turno", acrescentou. Sobre a aliança, ela disse que "com certeza valeu a pena".