Título: PSOL e PSDB se enfrentarão em Belém
Autor: Kiss , Janice
Fonte: Valor Econômico, 08/10/2012, Política, p. A27

Como já havia sido apontado pela pesquisa de boca de urna realizada ontem, pelo Ibope, Edmilson Rodrigues (PSOL) e Zenaldo Coutinho (PSDB), se enfrentarão no segundo turno pela Prefeitura de Belém (PA).

Zenaldo Coutinho, do PSDB, afirma que fará articulações políticas para enfrentar o PSOL durante a segunda rodada

O candidato do PSOL ficou com 32, 58% dos votos contra os 30,67% do tucano. Eles foram seguidos por Jefferson Lima (PP), com 12,72% e José Priante (PMDB) com 8,79%. As eleições tiveram 17,95% de abstenção, 2,82% de votos em branco e 3,80% de nulos.

Até a semana passada, Rodrigues liderava com 38% das intenções e no início de agosto o índice chegou aos 47%. O socialista não chegou a descartar a vencer no primeiro turno as eleições no município de 1,4 milhão de habitantes. "O desafio seria enorme. Agora, é se preparar para uma nova rodada", diz.

O partido de Rodrigues tem chances de conquistar sua primeira eleição para um cargo executivo no país com um discurso mais brando e abandono de propostas radicais defendidas em outras cidades, como calote da dívida, o corte de cargos de confiança, entre outras. Por outro lado, o PSDB de seu adversário é o mesmo partido do governador do Pará, Simão Jatene, que fez a campanha do candidato deslanchar quando declarou seu apoio.

Prefeito de Belém pelo PT, de 1997 a 2004, Rodrigues deixou o cargo sem fazer sucessor, mas com alta taxa de aprovação. Ele também foi deputado estadual por duas vezes. Em 2005, ele migrou para o PSOL, sigla que surgiu no mesmo ano com um grupo de insatisfeitos com os rumos do PT no comando do governo federal. No entanto, a campanha de Rodrigues foi feita à sombra da antiga sigla e de atuais projetos do governo federal.

Ele saiu em defesa de programas federais, como o "Minha Casa, Minha Vida" e o "Saúde da Família", e afirma que obterá recursos com a presidente Dilma Rousseff mesmo sendo oposição ao Planalto. Em seu discurso, Rodrigues, que é arquiteto e professor universitário, prioriza as regiões pobres, afirma que fará o "governo do povo", corroborando o slogan da campanha "Belém nas mãos do povo". Edmilson Coutinho não poupou críticas a atual gestão pública de Belém, em especial as ações voltadas para a saúde.

O seu concorrente, Zenaldo Coutinho, também tem na área da saúde um de seus principais motes de campanha. Segundo ele, sua gestão será focada em "três S": saúde, saneamento e segurança. Coutinho se disse satisfeito com o resultado do primeiro turno. "Estou muito feliz, entusiasmado com a demonstração que persistir em fazer uma campanha limpa entrou no coração das pessoas", declarou por meio de sua assessoria.

Entre os seus projetos para encarar o segundo turno, estão a realização de articulações políticas com o governador do Estado, Simão Jatene - seu apoio ao candidato é considerado tão determinante quanto o da presidente Dilma Rousseff, conforme apontou uma pesquisa do Vox Populi no início do mês passado - e com candidatos a prefeituras da região metropolitana de Belém. Zenaldo defende que esta articulação pode melhorar problemas graves da capital, como o transporte público.

O candidato do PSDB é formado em direito, foi eleito vereador de Belém pelo PDT em 1983, aos 21 anos, e conseguiu a reeleição em 1988. Ele também foi deputado estadual três vezes e atuou como chefe da Casa Civil e secretário especial de proteção e desenvolvimento social durante o mandato do governador Simão Jatene. Em 2011, Zenaldo deixou a secretaria para atuar na frente parlamentar contra a criação do Estado de Carajás durante o plebiscito que consultou a população do Pará sobre a possibilidade da divisão do Estado.

Especialistas entendem que a vitória do candidato evitaria problemas para a gestão do governador Simão Jatene, se um candidato de oposição vencer. Além disso os tucanos do Pará acumulariam o governo e a prefeitura da capital. No entanto, o problema é que esse mergulho de Jatene na campanha de Coutinho o indispôs com o PMDB, seu aliado em nível estadual e que sempre é o fiel da balança nas disputas de segundo turno na capital e no Estado.