Título: Concorrência na base foi maior, diz Rui Falcão
Autor: Taquari, Fernando; Peres, Bruno
Fonte: Valor Econômico, 09/10/2012, Política, p. A5

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou ontem que "ainda é cedo" para fazer a avaliação de que a sigla perdeu espaço nas grandes cidades e cresceu apenas nos pequenos e médios municípios. "Esse raciocínio, de que o PT está sendo empurrado para cidades pequenas, não confere", disse.

Segundo o balanço do primeiro turno, o PT elegeu 12% mais prefeitos nesta eleição, em comparado a 2008. Foi de 558 prefeituras para 624 agora - é o terceiro maior partido, atrás apenas de PMDB e PSDB. Nos 119 municípios com mais de 150 mil eleitores, porém, o cenário mostra tendência de redução.

Os petistas, que hoje controlam 34 dessas cidades, elegeram 13 prefeitos no primeiro turno desta eleição. O partido poderia chegar a 35 prefeitos nas grandes cidades, mas só em caso de uma improvável vitória em todas as 22 cidades em que disputa o segundo turno. Se perder em apenas duas delas, já teria um resultado inferior ao da eleição municipal de 2008.

Falcão disse que a vitória em cidades maiores, como São Paulo, mudaria o cenário. "Perdemos em Porto Velho, em que governávamos, mas ganhamos em São José dos Campos, cidade três vezes maior. É essa a conta que fazemos", afirmou o presidente do PT, que destacou "o crescimento no número de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e número de votos".

O secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, concorda que ainda não é possível avaliar se o partido perdeu espaço nas grandes cidades, mas diz que o cenário em 2012 foi diferente do de 2008 por três motivos: o número de partidos na base do governo federal é maior agora, o PT desistiu de lançar candidatura em alguns lugares para apoiar estes partidos e há um número maior de legendas nesta eleição - o recém-criado PSD foi o quarto a mais eleger prefeitos.

Para Rui Falcão, também não dá para saber se o PT foi prejudicado pelo julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na eleição. Afirmou que, em São Paulo, "provavelmente teve algum impacto", mas que é impossível ter certeza e que o escândalo não diminuiu a força do partido. "Não dá para medir o impacto disso. Mas trabalho com dados, e os dados que vem das urnas é que o PT foi vitorioso."

O presidente do PT também buscou minimizar o acirramento dos ânimos entre PT e PSB, os dois únicos partidos que aumentaram o número de prefeitos eleitos em relação à 2008 e que se enfrentaram em cidades importantes, como Belo Horizonte e Recife, onde antes eram aliados - em ambas, o PT saiu derrotado.

Na opinião do presidente petista, que assumiu parte da culpa, é preciso avaliar os erros da direção. Fez questão, porém, de separar o cenário nas duas cidades. Em Recife, disse que o partido estava dividido, depois do prefeito João da Costa (PT) perder o apoio de parte dos petistas e ser retirado da disputa. Geraldo Júlio (PSB) venceu no primeiro turno, com apoio do governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB.

Já na capital mineira, atribuiu a derrota à traição do atual prefeito, Márcio Lacerda (PSB), que preferiu ficar do lado do senador Aécio Neves (PSDB), potencial candidato à Presidência em 2014. "O PT não é subalterno. O importante é que saiu mais forte, unido, e com a volta do prestígio de uma importante liderança política [o ex-ministro Patrus Ananias]."