Título: Luiz Henrique é o primeiro governador a ser reeleito em Santa Catarina
Autor: Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 30/10/2006, Política, p. A12

O candidato à reeleição ao governo de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), venceu ontem as eleições no Estado, com 52,71% dos votos válidos, derrotando Esperidião Amin (PP), que conquistou 47,29%, de acordo com os dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), uma diferença de 173,2 mil votos. Foi a primeira vez na história do Estado que um candidato conseguiu a reeleição. Desde 1986, sempre houve alternância no governo de Santa Catarina, geralmente um revezamento entre PP e PMDB.

As urnas do segundo turno mostraram um resultado um pouco diferente das informações das últimas pesquisas, que davam vitória a Silveira, com larga diferença, de pelo menos 14 pontos percentuais. Rompeu, entretanto, um ciclo histórico das eleições para governo do Estado, que, nas outras duas vezes que foi para o segundo turno, apresentou reversão do quadro apontado no primeiro turno. Em 1994, Paulo Afonso (PMDB) virou contra a favorita Ângela Amin (PP), e em 2002, o próprio Silveira reverteu o favoritismo de Amin.

A eleição foi ganha por Silveira principalmente pelo peso de Joinville. No maior colégio eleitoral do Estado e seu principal reduto político, ele conquistou 72,65% dos votos. Em Criciúma, no sul de Santa Catarina e antigo reduto petista, o pemedebista também fez uma boa votação, 54,24%. Alcançou ampla diferença ainda em Chapecó, onde fez 55,07%, e em Lages, reduto do senador aliado Raimundo Colombo (PFL), onde conseguiu 58,88%.

Silveira, que teve como principais articuladores da sua candidatura o senador Leonel Pavan (PSDB), vice na sua chapa, e o senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, comemorou em Joinville. Terá como primeiro projeto o encaminhamento à Assembléia Legislativa - composta por maioria governista, pelo menos 23 deputados são da base de Silveira - a terceira parte da reforma administrativa, que iniciou em 2003, com intuito de consolidar o processo de descentralização do Estado.

A campanha do pemedebista destacou nos últimos dias justamente a descentralização, que durante o processo eleitoral foi criticada pelo adversário, que considerou a criação de secretarias regionais um cabide de empregos e não uma descentralização das decisões do governo. Silveira também focou sua campanha em obras de pavimentação e nos apoios de lideranças, desde carnavalescos a prefeitos e senadores, que deram depoimentos na televisão.

Silveira chegou ao segundo turno como favorito, recebendo apoio de quase todos os candidatos que disputaram as eleições no primeiro turno: Antônio Carlos Sontag (PSB), João Fachini (Psol), Manoel Dias (PDT) e Elpídio Neves (PTC). A exceção foi José Fritsch (PT), terceiro colocado mais votado, que se uniu a Amin. Diferente do pleito de 2002, os petistas foram aliados dos pepistas, uma aliança inédita no Estado. Na eleição anterior, a executiva do PT havia se unido justamente a Silveira, que conseguiu reverter o quadro mais favorável a Amin. O apoio do PT, contudo, não foi homogêneo nesta eleição. Houve dissidentes importantes como o prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni (PT), que apoiou Silveira.

Amin, que governou o Estado por duas vezes, reconheceu a derrota por volta das 19h. Ele venceu em importantes cidades como Florianópolis, com 60,28%, Itajaí, onde fez 57,70%, e Jaraguá do Sul, com 59,36%, e agradeceu o esforço do PT na sua candidatura. "Desse projeto não me afasto mais", disse. Aproveitou também para criticar o adversário sobre os apoios que este negociou para o segundo turno: "Haverá um grande loteamento de cargos". E também não deixou de alfinetar Silveira, que apoiou Geraldo Alckmin (PSDB), quando perguntado sobre o relacionamento que este vai estabelecer com o presidente Lula no novo governo: "Ele (Silveira) muda tanto, que estava de mal e agora pode ficar de bem. Ele tem grandes ódios e amores transitórios."