Título: Eduardo Campos vence com folga em Pernambuco
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 30/10/2006, Política, p. A13

Eduardo Campos (PSB), ex-ministro da Ciência e Tecnologia, venceu as eleições no Estado de Pernambuco com uma diferença de mais de um milhão de votos em relação a Mendonça Filho, atual governador. Eduardo somou 65,36% dos votos dos pernambucanos, enquanto Mendonça contava com 34,64% dos eleitores. Para alcançar esse resultado, foi fundamental para o neto do ex-governador Miguel Arraes, morto em 2005, ter o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aparecia inclusive na propaganda eleitoral para pedir votos ao candidato.

Eleito, Eduardo quer agora tirar proveito desse apoio. "Vamos fazer um governo que se integre à governabilidade do presidente Lula", afirmou em sua primeira entrevista logo após a confirmação de sua vitória pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Pernambuco. Estão em curso no Estado alguns projetos que dependem do apoio federal para serem iniciados. É o caso da refinaria de petróleo da Petrobras, localizada no porto de Suape, e da transposição do rio São Francisco. No caso da refinaria, por exemplo, o governador eleito quer que o projeto ajude a desenvolver toda uma cadeia produtiva do Estado.

Além disso, Eduardo Campos disse que espera do presidente um apoio na área social para Pernambuco. "Não pensamos só em infra-estrutura. Mas também algo que cuide das pessoas. Essa é a parceria que vamos buscar."

O governador eleito também manifestou sua intenção acabar com os incentivos fiscais usados pelos Estados nordestinos para atrair investimentos. "O único projeto que existiu na nossa região foi a guerra fiscal, que arruinou muitos Estados."

Eduardo Campos defende que o Nordeste dê preferência a projetos de infra-estrutura, que sejam capazes por si só de atraírem investimentos. "Pernambuco precisa estar preparado para integrar o desenvolvimento pelo qual o país passará", afirmou ele.

A idéia dele, inclusive, é fazer com que os demais governadores da região pensem da mesma forma. "Antes, falar em acabar com incentivos fiscais era um tabu. Mas hoje já se vê que eles não levaram o Nordeste a lugar nenhum", disse Eduardo Campos ainda na sexta-feira, quando chamou a imprensa para entrevistas ao ver que estava próximo de se tornar governador.

O neto de Miguel Arraes também deve engrossar o coro dos governadores de Estados eleitos que querem uma reforma tributária. Na entrevista coletiva concedida ontem, Eduardo Campos ressaltou que o país só viu a carga de impostos subir nos últimos anos.

Mendonça Filho, que aparecia nas pesquisas eleitorais do primeiro turno na posição de liderança, creditou sua derrota ontem a uma escolha do povo de ter como governador um candidato que é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O eleitor quer alguém em sintonia com a Presidência da República", disse o governador em entrevista coletiva concedida na noite de ontem.

No primeiro turno, Humberto Costa (PT), ex-ministro da Saúde do governo Lula, era o candidato que aparecia na segunda colocação. Entretanto, Mendonça Filho explorou o suposto envolvimento dele em compras fraudulentas de hemoderivados em sua passagem pelo governo federal e conseguiu tirá-lo do páreo.

Porém a partir do momento em que Humberto Costa deu seu apoio a Eduardo Campos, Mendonça Filho perdeu a preferência dos eleitores. Quase a totalidade dos votos do PT migraram para o candidato que se elegeu ontem.