Título: PSDB e PT já medem forças pelo Bandeirantes
Autor: Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 09/10/2012, Política, p. A12

Com derrotas inesperadas, viradas de última hora e crescimento de aliados, PSDB e PT contabilizavam ontem um balanço positivo do primeiro turno das eleições no Estado de São Paulo e um bem pavimentado caminho para suas candidaturas nas eleições estaduais de 2014.

Embora tenha perdido 15% de suas prefeituras - foi de 205 para 173 -, o PSDB, partido do governador Geraldo Alckmin e que desde 1994 ocupa o Palácio dos Bandeirantes, posiciona-se após domingo como detentor da maior hegemonia estadual de todo o país. À frente do PSB de Eduardo Campos em Pernambuco, do PMDB de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro e do PT dos irmãos Viana no Acre.

Isso a partir de um critério não de número de prefeituras, mas de número de votos para os sete cargos eletivos existentes no país: vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente da República.

"O nosso planejamento estratégico não foi o número de prefeituras, mas número de votos obtidos nas cidades, quantos eleitores votaram nos candidatos do PSDB", disse o secretário-geral do PSDB paulista, César Gontijo. Nesse sentido, segundo ele, apenas o diretório regional paulista de sua legenda conquistou o maior número de votos nesses "sete quesitos". Nos outros Estados onde governadores são considerados fortes -caso de Cabral, Campos e Viana- eles só estiveram à frente em cinco quesitos.

Além disso, Gontijo diz que Alckmin adotou uma política de alianças que abriu espaço para a candidatura de aliados, já de olho nas composições de sua reeleição em 2014. "Abrimos mão em muitos lugares como um gesto de união para 2014. Isso fez parte da nossa estratégia", disse.

O problema é que em São Paulo o arco de alianças em nível federal não é reproduzido com a mesma fidelidade. Assim, a constatação de que o PSB aumentou de 26 para 28 prefeituras, o PSD elegeu 32, e o PMDB subiu de 70 para 88 só dizem algo se verificadas as realidades municipais. Em Bauru, Rio Claro e Sorocaba, por exemplo, importantes colégios eleitorais do interior, o PMDB tem como principal aliado o PT. Venceu nos dois primeiros já no domingo e no terceiro partem unidos para uma disputa contra o PSDB. Em Araraquara, contudo, os tucanos se aliaram ao vitorioso PMDB. O PSD de Mogi das Cruzes é aliado do PSDB, mas o PSD de Ribeirão Preto deve caminhar no segundo turno tendo o apoio do PT.

Individualmente, o PSDB derrotou o PT em redutos históricos petistas, como São Carlos e Registro. Mas a derrota tucana para os petistas em São José dos Campos, o grande polo nacional de tecnologia do vale do Paraíba, ainda não foi assimilada.

Curioso que o PT, que ganhou apenas uma prefeitura em relação ao que tinha, também atribui às vitórias aliadas como um avanço do seu campo de oposição a Geraldo Alckmin e também ressalta como positivo o balanço final no Estado.

"O balanço é positivo não só pelo número de prefeituras que conquistamos, mas também pelas regiões que construímos palanques e que temos ou o PT ou aliados como vitoriosos", disse o presidente do PT paulista, deputado estadual Edinho Silva.

Ele ressalta, contudo, que fazer qualquer tipo de balanço estadual antes do segundo turno é precipitado. Mais es´pecificamente, antes do resultado final na capital paulista. "Não dá para fazer esse balanço sem o segundo turno. O balanço com a cidade de São Paulo é um e sem São Paulo é outro. Muda completamente", disse.