Título: Vitória renova interesse por Lula no Fórum de Davos
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 30/10/2006, Política, p. A16

O Fórum Econômico Mundial, que ocorre sempre no final de janeiro em Davos, Suíça, deve ser palco do primeiro encontro do presidente Lula, no seu segundo mandato, com as elites política e econômica do planeta.

A entidade suíça que organiza o evento diz ser grande o interesse de executivos de multinacionais para se encontrarem pessoalmente com o presidente, para saber dos planos de reformas e investimentos do governo.

Nos meios empresariais e financeiros, aguardam-se novas medidas econômicas, diante das promessas do presidente de acelerar o crescimento. Mas um dos mais influentes executivos que freqüentam Davos, o presidente da Nestlé, Peter Brabeck, não espera surpresas. "Conheço bem o presidente Lula, ele é um presidente tradicional", disse recentemente.

Alguns analistas que acompanham a economia brasileira acham que, se houver algum "viés" na política econômica, será "pelo lado positivo", de controle de gastos. Nuno Câmara, economista-sênior de América Latina do Dresdner Kleinwort, acha que Lula ficará ainda mais distante da esquerda.

O presidente Lula já veio duas vezes a Davos, onde foi bem recebido pelos empresários. Pragmática, a entidade suíça desta vez tinha convidado também Geraldo Alckmin, em caso de vitória.

Às vésperas do primeiro turno da eleição, jornais europeus tinham estampado manchetes dando como garantida a vitória de Lula. Ontem, foram mais prudentes, destacando que o presidente pedia nova oportunidade. O jornal espanhol "El País" salientou a habilidade política de Lula de sair incólume "do maior escândalo de corrupção da história do Brasil".

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), clube dos países ricos, indicou que lançará uma nova avaliação sobre o Brasil nos próximos dias, na qual conclama o governo a ter uma agenda ambiciosa de reformas para permitir o país alcançar taxa de crescimento mais forte.

Alguns grandes banqueiros internacionais que participaram de encontro no Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basiléia (Suíça), recentemente, consideraram que o país está na direção certa para obter no futuro o chamado grau de investimento das agências de classificação de risco.