Título: Cotações seguem firmes no mercado
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 30/10/2006, Agronegócios, p. B12

Os preços do trigo continuam firmes no mercado interno, como reflexo da menor safra do cereal no país e também das recentes altas no mercado internacional. No fim da semana passada, a saca de 60 quilos do grão fechou cotado entre R$ 520 e R$ 530 no Paraná, principal Estado produtor do país, 60%, em média, acima do mesmo período do ano passado. No Rio Grande do Sul, a saca sai entre R$ 490 e R$ 510, também 60% mais que em igual intervalo de 2005, segundo levantamento da Safras&Mercado.

A expectativa é que os preços sigam sustentados, uma vez que o cenário internacional sinaliza uma produção apertada para a safra 2006/07 e estoques reduzidos no ciclo, observa Élcio Bento, analista de trigo da Safras&Mercado.

O Conselho Internacional de Grãos estima que a produção global fique em 585,2 milhões de toneladas, 5,3% abaixo da safra anterior, de 618,3 milhões. Nas bolsas americanas, as cotações da commodity alcançaram o maior patamar dos últimos dez anos este mês, após a oferta ter recuado em 24 dos 41 países produtores, segundo a Bloomberg. A quebra da produção da Austrália, terceiro maior exportador mundial, acentua ainda mais o tom altista no mercado internacional. O país deve colher sua menor safra dos últimos 12 anos. A produção é calculada entre 9 milhões e 11 milhões de toneladas, de acordo com previsões da AWB, que detém o monopólio das exportações australianas de trigo.

No Brasil, a colheita deve ficar em cerca de 2 milhões de toneladas, menos da metade da safra 2005/06, de 4,4 milhões de toneladas, como reflexo do clima no Sul do país. Com a menor produção, os moinhos deverão importar cerca de 8 milhões de toneladas de trigo. Além da Argentina, principal fornecedor para o país, o Brasil terá de importar de outros mercados, como EUA e Canadá.

Mesmo com a menor embarque de trigo em grão da Argentina nesta safra, os moinhos temem a inundação de farinha de trigo do vizinho após o governo daquele país ter isentado a produção destinada à exportação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em até 1,5 milhão de toneladas. Bento lembra que o produto chega pela metade do preço no Brasil, tirando a competitividade dos moinhos brasileiros.