Título: Investimentos em infra-estrutura cresceram 13% em 2006
Autor: Maia, Samantha
Fonte: Valor Econômico, 04/01/2007, Brasil, p. A3

Os investimentos em infra-estrutura cresceram 13% em 2006 puxados pelos setores de petróleo e gás e de telecomunicações, segundo levantamento prévio da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib). Saneamento e transportes amargaram baixos números em relação às suas necessidades e energia elétrica contou com 71% do esperado. Devido ao desempenho ruim desses últimos setores, o aumento de recursos - R$ 65,7 bilhões - representou apenas 75% do necessário para o setor.

"Nas teles, a competição e as novas tecnologias obrigaram as empresas a investir", diz Paulo Godoy, presidente da Abdib. O setor recebeu no ano passado R$ 13,9 bilhões, ultrapassando em 5% o total de recursos estimados pela Abdib como necessários no ano. O cálculo da associação é feito com base nos planos de governos e em dados de entidades setoriais.

Petróleo e gás receberam 95% das suas necessidades de investimento, com aumento de R$ 30 bilhões. Segundo Godoy, isso foi reflexo da altas de preço do insumo e neste ano o gás deverá contribuir mais para o avanço do setor.

Em energia elétrica, o empresário diz que a geração foi o principal problema. "Estavam previstas para entrar em operação bem mais usinas do que entraram, a diferença de geração ficou em 2 mil megawats". Ele cita a usina hidrelétrica de Estreito, situada entre Tocantins e Maranhão (no Rio Tocantins) como exemplo de obra prevista para entrar em operação em 2006 e que atrasou por conta de problemas com o licenciamento ambiental.

Em transportes, o empresário diz que todas as áreas receberam recursos aquém do esperado. "Os portos, as ferrovias e as estradas, apesar de contarem com aumento dos investimentos do governo federal, sofreram com o atraso das concessões", afirma.

A iniciativa privada só deverá sentir-se segura para investir em saneamento após a implementação do marco regulatório, aprovado em dezembro do ano passado. "Enquanto não houver essa implementação, não haverá mudanças e os investimentos devem repetir os do ano passado", diz. Além disso, ele explica que a atração de mais recursos vai depender muito da agilidade de adaptação das empresas às novas regras.

A Abdib espera para este ano um aumento maior de investimentos. "Temos todas as condições e o desempenho é vinculado ao crescimento econômico, que facilita os financiamento e atrai investidores", explica o presidente da entidade. Segundo Godoy, o setor de petróleo e gás deve continuar crescendo. Já transportes dependerá da efetivação de planos de governo, como o pacote para ferrovias e a Agenda Portos.

Apesar do levantamento da Abdib ser uma prévia, Godoy explica que a tendência não deve ser alterada. Os números finais serão apresentados ainda neste primeiro trimestre.

Os empresário da construção de São Paulo não estão tão otimistas para este ano. Mesmo com a projeção do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP) de que o setor crescerá 4,9% em 2007, Luiz Antônio Messias, vice-presidente da entidade, diz que o volume de investimentos está longe do considerado ideal. "Neste ano deverá haver mais contingenciamento do governo federal e em relação ao Estado, primeiro ano de governo é sempre de ajuste", diz.